O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, está elaborando uma nova declaração de emergência para sustentar legalmente a tarifa de 50% imposta sobre produtos importados do Brasil. A informação foi divulgada por fontes ouvidas pela agência Bloomberg. A medida, que ainda está em fase de formulação, seria necessária para justificar a sobretaxa em um contexto diferente daquele aplicado a outros países já alvo de tarifas americanas.
Enquanto países como China e Alemanha têm superávits na balança comercial com os Estados Unidos, o Brasil registra déficit. Isso torna mais difícil sustentar tecnicamente a imposição da tarifa e abre espaço para questionamentos jurídicos, o que levou o governo americano a buscar um novo embasamento legal que sustente a cobrança com argumentos de natureza comercial, e não apenas política.
A sobretaxa, anunciada por Trump, está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Segundo o presidente americano, a motivação estaria relacionada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, o que ele classificou como uma "caça às bruxas". Apesar desse discurso, o Executivo americano tenta criar uma justificativa mais institucional para a medida.
Paralelamente, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) iniciou em 15 de julho uma investigação contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A investigação visa averiguar se ações ou políticas do governo brasileiro são "irracionais ou discriminatórias" e se prejudicam o comércio americano.
Enquanto isso, no Brasil, o governo Lula tem intensificado os esforços diplomáticos para reverter a medida. Segundo o presidente, já foram realizadas dez reuniões com autoridades dos Estados Unidos para tratar do tema. O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também se reuniu por videoconferência com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, em três ocasiões recentes.
Sem resultados concretos nas negociações oficiais, empresas brasileiras afetadas pelas tarifas vêm buscando mobilizar seus parceiros comerciais nos EUA para pressionar o governo local contra a implementação do tarifaço.