A China tem acelerado sua presença na América Latina, não apenas como um parceiro comercial, mas também expandindo sua influência em áreas como tecnologia, educação e política. O embaixador da China na Colômbia, Zhu Jingyang, destacou à Bloomberg Línea que a estratégia do gigante asiático na região é ampla e visa promover uma integração mais profunda com os países latino-americanos.
Nos últimos anos, a América Latina se tornou uma das regiões mais importantes para a China, que está adotando um novo plano de desenvolvimento para expandir suas relações econômicas com os países latino-americanos. Em particular, a China tem promovido a abertura econômica e a globalização, incentivando investimentos chineses na região e aumentando as importações de produtos latino-americanos de alta qualidade.
A estratégia inclui o apoio a uma linha de crédito de US$ 9 bilhões, anunciada pelo presidente Xi Jinping durante o Fórum China-Celac. Esse suporte financeiro visa aprofundar os laços comerciais e fortalecer a infraestrutura na região. Historicamente, a China tem sido uma grande compradora de matérias-primas, como cobre, e se consolidou como um importante provedor de financiamento para países como a Venezuela, com investimentos superiores a US$ 60 bilhões entre 2005 e 2023.
Atualmente, a China é o segundo maior destino de investimentos no exterior e, até o final de 2023, o investimento direto acumulado na América Latina chegou a US$ 600,8 bilhões. O comércio bilateral com a região ultrapassou os US$ 518,4 bilhões em 2024, destacando a importância crescente da América Latina para o gigante asiático.
Além disso, a China tem se envolvido ativamente em projetos de infraestrutura por meio da Iniciativa Cinturão e Rota, com mais de 200 projetos em andamento na região, envolvendo setores como portos, ferrovias e energia renovável. A cooperação se estende também a áreas de tecnologia, como redes 5G e cidades inteligentes, além de investimentos no setor de saúde e biotecnologia.
Os países latino-americanos têm demonstrado interesse em diversificar suas fontes de comércio e investimento, o que favorece ainda mais a presença da China na região. Com acordos estratégicos estabelecidos com países como Brasil, México, Argentina, Chile e Peru, a China continua a consolidar sua posição, oferecendo uma alternativa competitiva aos Estados Unidos.
O interesse da China pela América Latina não se limita ao comércio. A potência asiática vê a região como parte do "Sul Global", com aspirações de desenvolvimento semelhantes às suas, e busca fortalecer sua influência política, embora sem querer substituir os EUA no campo da segurança e da política regional.
Esse movimento ocorre em um contexto de maior tensão geopolítica, com os Estados Unidos adotando uma postura mais agressiva contra os investimentos chineses em infraestrutura crítica, como portos e redes digitais. Apesar disso, a China continua a se concentrar em investimentos estratégicos, principalmente nos setores de energia limpa, veículos elétricos e semicondutores.
O embaixador Zhu Jingyang afirmou que, enquanto a China busca aprofundar sua presença econômica na região, ela também respeita a soberania dos países latino-americanos, apoiando-os em seus caminhos de desenvolvimento específicos. Para os analistas, a crescente influência da China na América Latina reflete uma mudança nas dinâmicas comerciais, com as tarifas impostas pelos EUA aumentando a competitividade das empresas chinesas na região.