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Geral
26/07/2025 00:00:00

Relatório global sobre seca destaca impactos humanos e econômicos

Relatório global sobre seca destaca impactos humanos e econômicos

A seca extrema tem gerado efeitos devastadores, particularmente nas áreas mais vulneráveis. As flutuações extremas nas chuvas, intensificadas pela crise climática, afetaram diretamente a agricultura e os meios de subsistência das comunidades, agravando a pobreza e a insegurança alimentar em várias regiões do mundo.

O relatório global "Pontos Críticos de Seca ao Redor do Mundo 2023-2025", apoiado pela ONU, foi divulgado recentemente, destacando a gravidade da seca e seu impacto em várias partes do planeta. A pesquisa foi conduzida pelo Centro Nacional de Mitigação da Seca dos Estados Unidos, pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD) e com o apoio da Aliança Internacional para a Resiliência à Seca. O estudo também ressalta os efeitos devastadores na Amazônia, com secas severas afetando a bacia amazônica e levando à morte de peixes e golfinhos, além de comprometer o abastecimento de água potável para milhares de pessoas.

Seca extrema no Brasil e na Amazônia

No Brasil, a seca teve impactos significativos na Amazônia. O nível recorde dos rios em 2023 e 2024 resultou na morte em massa de fauna aquática, interrompendo o fornecimento de água potável e afetando a vida de centenas de milhares de pessoas. A preocupação é crescente, pois o desmatamento e os incêndios florestais aumentam, colocando a Amazônia em risco de deixar de ser um sumidouro de carbono e se tornar uma fonte de emissões.

Mark Svoboda, coautor do relatório, descreve a situação como "a pior catástrofe global de evolução lenta" que ele já presenciou. A pesquisa também destaca que mulheres e crianças são especialmente vulneráveis aos efeitos da seca, que afeta diretamente a segurança alimentar, a saúde e os meios de subsistência.

Impactos globais da seca

Além da Amazônia, a seca tem afetado outras regiões do mundo, especialmente na África, onde mais de 90 milhões de pessoas enfrentam fome aguda. Em países como a Etiópia, Zimbábue, Zâmbia e Malawi, a perda de safras de milho e trigo tem sido devastadora, com impactos econômicos profundos e agravamento da crise alimentar. No Zimbábue, por exemplo, a queda na produção foi de 70% em 2024, resultando no aumento dos preços dos alimentos e na morte de milhares de animais devido à falta de água.

A crise também se estendeu à Zâmbia, que enfrenta uma das piores crises energéticas do mundo, com o rio Zambeze reduzindo drasticamente seu nível de água, o que compromete a capacidade de geração da maior usina hidrelétrica do país. Isso tem causado apagões de até 21 horas por dia, afetando serviços essenciais como hospitais e fábricas.

Efeitos na agricultura e na economia global

A escassez de água também tem afetado a agricultura e o turismo em várias partes do mundo. Na Espanha, por exemplo, a seca causou uma queda de 50% na produção de azeitonas em 2023, o que fez com que os preços do azeite subissem drasticamente. Na Turquia, a aceleração do esgotamento das águas subterrâneas tem causado sumidouros e colocado em risco a infraestrutura local.

No Canal do Panamá, a redução dos níveis de água afetou os trânsitos de navios, causando grandes interrupções no comércio global, já que muitas embarcações foram forçadas a tomar rotas mais longas e caras.

Recomendações e soluções

O relatório conclama por investimentos urgentes em sistemas de alerta precoce e monitoramento da seca em tempo real, além de soluções baseadas na natureza, como a restauração de bacias hidrográficas. Também são recomendadas infraestruturas resilientes, como energia fora da rede e tecnologias alternativas para abastecimento de água.

É fundamental que os investimentos em adaptação considerem a sensibilidade de gênero, assegurando que mulheres e meninas não sejam ainda mais marginalizadas. A cooperação global também é essencial, especialmente na proteção das bacias hidrográficas transfronteiriças e nas rotas comerciais, a fim de mitigar os efeitos da seca em nível global.