Apesar da redução de 5,4% nas mortes violentas intencionais no Brasil em 2024, Alagoas está entre os estados onde o número de mortes causadas por intervenção policial aumentou, conforme o novo Anuário da Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira, 25 de julho.
O estado se junta a outros como Maranhão, Piauí, Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais — este último com o maior aumento: 38,5%. Esses estados fazem parte do grupo que, historicamente, responde por menos de 10% das mortes violentas no país. Contudo, contrariando a tendência de queda nas mortes por intervenção policial, esses estados viram o número de vítimas aumentar. No Brasil, as mortes provocadas por policiais somaram 6.243 em 2024, representando uma queda de apenas 3,1% em relação ao ano anterior. A redução foi menor do que a observada em outros tipos de homicídios, o que fez a participação das mortes policiais no total de mortes violentas subir de 13,8% para 14,1%.
Outro dado alarmante no levantamento é o aumento de 4% nas mortes de crianças e adolescentes de até 17 anos, que chegaram a 2.356 vítimas em 2024, interrompendo uma sequência de quedas desde 2020. Parte desse aumento é atribuída diretamente a ações policiais, com 19% dos adolescentes assassinados no Brasil em 2024 sendo vítimas de intervenções policiais — um aumento em relação aos 17% registrados em 2023.
O Anuário também aponta o aumento dos feminicídios, que atingiram um novo recorde de 1.492 casos em 2024, um aumento de 1% em comparação a 2023 e o maior número desde que o crime foi tipificado em 2015. A maioria das vítimas era negra (64%), tinha entre 18 e 44 anos (70%) e foi morta dentro de casa (64%), geralmente por companheiros ou ex-companheiros (80%) e com arma branca (48%).
Apesar da queda geral nos homicídios no país, o estudo também registra um aumento de 5% nos casos de desaparecimento, o que pode mascarar assassinatos não notificados. Em 2024, foram registrados 81.873 desaparecimentos.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública atribui a redução nos homicídios a políticas públicas orientadas por evidências, controle de armas e mudanças demográficas, como a queda na população jovem, mais vulnerável à violência. No entanto, os dados ainda revelam graves vulnerabilidades, especialmente entre diferentes gêneros, raças e faixas etárias.