Por que o governo Lula não "torce" pela prisão de Bolsonaro (agora)

Embora o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja réu no processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e tenha sido equipado com tornozeleira eletrônica, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está interessado em uma prisão de Bolsonaro antes do julgamento final.

Pessoas próximas ao presidente Lula explicaram que a prisão do ex-presidente neste momento não seria vantajosa para o governo por dois motivos principais:

1. Fortalecimento da narrativa vitimista: Uma prisão precoce poderia alimentar a retórica de perseguição política que Bolsonaro e seus aliados têm adotado desde o início das investigações. O ex-presidente alega ser vítima de uma conspiração, e tal movimento pode acabar fortalecendo sua base de apoio. Além disso, isso poderia transformar o ex-presidente em um mártir político, o que poderia reverter a percepção pública em seu favor.

2. Riscos em meio à negociação com os EUA: O governo brasileiro está tentando evitar atritos com os Estados Unidos, especialmente em meio ao impasse sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Uma prisão de Bolsonaro poderia ser vista como uma provocação do Judiciário brasileiro ao governo dos EUA, o que complicaria ainda mais as negociações em curso para mitigar o impacto das tarifas sobre produtos brasileiros.

O ex-presidente está sendo julgado por sua tentativa de golpear a democracia brasileira e a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu uma pena que pode ultrapassar 40 anos. O julgamento de Bolsonaro está na fase final e deve ser concluído nos próximos dois meses. No entanto, o governo federal está preferindo aguardar o desenrolar do processo judicial e se manter distante da questão, evitando se envolver diretamente nas decisões do STF.

Além disso, há uma preocupação de que uma prisão precoce de Bolsonaro poderia criar ainda mais instabilidade política, especialmente em um momento delicado para o governo, que já enfrenta dificuldades nas negociações com os Estados Unidos.

O ex-presidente, por sua vez, continua a amplificar a narrativa de ser alvo de uma "caça às bruxas", e a postura do governo de Lula tem sido de se distanciar das questões judiciais envolvendo Bolsonaro, enquanto trabalha para manter sua posição no cenário político interno e externo.

Bolsonaro, com apoio de Trump, continua a ser uma figura central na oposição ao governo Lula, e qualquer movimento judicial pode ter implicações significativas, tanto para o cenário interno quanto para as relações internacionais do Brasil.