Um estudo apresentado recentemente no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) revelou que apenas 12,7% da população brasileira é capaz de controlar simultaneamente a pressão arterial e a glicemia. A pesquisa, intitulada SNAPSHOT, foi conduzida pelo laboratório Servier do Brasil em colaboração com médicos de centros clínicos de referência e envolveu 451 brasileiros com hipertensão e diabetes tipo 2, duas das principais causas de morte no país.
O objetivo do estudo, segundo Emilton Lima Jr., coordenador nacional da pesquisa e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), era avaliar se as pessoas com essas condições realmente atingem as metas de controle recomendadas pelas diretrizes médicas. O resultado indicou que o Brasil está muito distante de atingir essas metas.
Apesar de 98% dos pacientes estarem em tratamento para diabetes e 97,9% para hipertensão, os números de controle das doenças permanecem baixos. Em média, os participantes tomam 9,7 comprimidos por dia, mas apenas 20% utilizam combinações em pílula única, uma estratégia recomendada para melhorar a adesão ao tratamento. Apenas 28,9% dos pacientes mantinham a pressão arterial controlada, e 61% apresentavam controle inadequado da hemoglobina glicada.
Lima enfatiza que, embora os pacientes estejam sendo tratados, o fato de estarem fora das metas de controle ainda os expõe aos mesmos riscos, comprometendo sua longevidade. Ele defende o modelo "CTI" (tratar cedo, tratar tudo, tratar intensivamente), que envolve controlar todos os fatores de risco de forma rápida e simultânea, para aumentar a expectativa de vida dos pacientes.
O estudo também revelou que 93% dos participantes tinham pelo menos uma comorbidade cardiovascular, como dislipidemia, doença arterial periférica ou histórico de infarto do miocárdio. No entanto, os médicos subestimaram o risco cardiovascular dos pacientes, classificando 15,6% como de risco moderado, 48,1% como de risco alto e 35,8% como de risco muito alto. No entanto, a avaliação objetiva do estudo indicou que todos os pacientes apresentavam risco alto ou muito alto.