O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, alertou nesta terça-feira (22) para o risco iminente de um colapso nas exportações brasileiras do setor, caso os Estados Unidos levem adiante a imposição de novas tarifas sobre produtos do Brasil. A declaração foi dada durante entrevista ao programa WW, da CNN.
Segundo Carvalho, o agronegócio nacional está à beira de um cenário desastroso. “Nós estamos há alguns dias do que vai ser um desastre para o agro”, afirmou, destacando a preocupação com os impactos econômicos e criticando a falta de articulação diplomática para evitar a escalada das tensões comerciais.
Senadores brasileiros estão se dirigindo a Washington na tentativa de negociar com autoridades norte-americanas e reverter ou mitigar as medidas anunciadas pelo governo do presidente Donald Trump.
Entre os setores mais vulneráveis, o presidente da Abag citou o café como exemplo da forte interdependência entre os dois países. Segundo ele, o produto representa cerca de um terço das exportações brasileiras para os EUA e ainda gera milhares de empregos dentro do próprio território americano.
Outra preocupação envolve o etanol. Carvalho explicou que os EUA têm um excedente de cerca de 7 bilhões de litros por ano e que, com as atuais diretrizes, pretendem escoar esse volume nos próximos dois anos, o que impacta diretamente o mercado brasileiro, que também disputa espaço nesse segmento.
Apesar das tensões, Carvalho defende que ainda há margem para cooperação entre os dois países, especialmente em iniciativas conjuntas para conquistar mercados asiáticos. Ele afirma que Brasil e EUA têm interesses comuns e que o caminho diplomático é essencial para evitar prejuízos bilaterais.
O setor agrícola brasileiro aguarda com apreensão os desdobramentos das negociações e a efetivação ou não das tarifas anunciadas, que podem atingir produtos estratégicos e comprometer a competitividade do país no comércio internacional.