O conflito na Faixa de Gaza deixou mais de mil palestinos mortos, enquanto uma em cada três pessoas na região está sem comida há dias. A guerra tem provocado um sufocante bloqueio, com cerca de 2 milhões de palestinos presos em bolsões de terra, sem acesso a água, alimentos ou medicamentos.
A ONU estima que quase 90% da área de Gaza está sob controle militar israelense ou sujeita a evacuação forçada. Famílias inteiras caminham quilômetros em busca de alimentos, com crianças sucumbindo à desnutrição. O processo de distribuição de alimentos tem sido marcado por longas filas seguidas de tiroteios, resultando em mortos e feridos. No último domingo, mais de 90 pessoas perderam a vida enquanto esperavam por ajuda.
Um vídeo transmitido pelo Jornal da Band mostrou a cidade de Deir al-Balah coberta por uma cortina de fumaça, enquanto moradores corriam desesperados. Esta cidade, até então uma das poucas áreas poupadas de bombardeios, foi atacada por Israel, que alegou que os reféns do Hamas poderiam estar escondidos ali.
Em outro incidente, três palestinos foram mortos e vários outros feridos em disparos de tanques israelenses que atingiram casas e mesquitas. Esses episódios de violência não são isolados, e desde o início do bloqueio total há quase três meses, milhares de palestinos têm sido forçados a caminhar quilômetros em direção a apenas quatro pontos de distribuição militarmente controlados, onde, frequentemente, acabam sendo mortos.
A ONU anteriormente gerenciava mais de 400 pontos de distribuição de ajuda. Agora, com a Fundação Humanitária de Gaza – financiada por Israel e pelos EUA – no comando, o sistema de ajuda foi transformado em uma verdadeira armadilha. Famílias desesperadas enfrentam "corredores humanitários" vigiados por câmeras e soldados armados, sendo muitas vezes baleadas enquanto aguardam para pegar alimentos.
A justificativa de Israel é que disparos são feitos "para controlar a multidão", mas as mortes revelam um cenário de repressão brutal. O corredor humanitário se tornou, de fato, um filtro militar: quem tenta desviar da rota indicada pelos israelenses morre de fome, e quem tenta pegar alimentos corre o risco de ser baleado. Uma população inteira está encurralada entre a fome e as armas.
A comunidade internacional tem se manifestado contra a situação, com 26 países exigindo o fim imediato dos ataques em Gaza e a restauração do direito humanitário. Estes países condenam a morte de civis e o bloqueio da ajuda, pedindo a libertação dos reféns do Hamas e a implementação de um cessar-fogo urgente. Além disso, se opõem ao deslocamento forçado de palestinos.