O mercado brasileiro apresentou movimentos distintos nesta sexta-feira (18), com o dólar subindo e o Ibovespa registrando queda. Esse comportamento foi impulsionado pelo temor de novas sanções contra o Brasil após o recolhimento domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma decisão que gerou receios no mercado de que o ex-presidente fosse preso, o que poderia resultar em retaliações dos Estados Unidos.
A Polícia Federal (PF) realizou mais uma ação contra Bolsonaro, com mandados de busca e apreensão para investigar crimes de coação, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também determinou que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e cumpra restrições de contato, como não acessar suas redes sociais e manter-se afastado de investigados do STF e de embaixadas.
Esses eventos ocorreram no contexto de tensões com o presidente dos EUA, Donald Trump, que voltou a vincular a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros com o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Trump já havia ameaçado o Brasil com a tarifa de 50% sobre produtos a partir de agosto, medida que vem sendo defendida por Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O mercado reagiu de maneira negativa, com o dólar à vista fechando em alta de 0,72%, a R$ 5,5875, o maior nível desde junho. Já o índice Ibovespa caiu 1,61%, fechando a 133.381,58 pontos, refletindo a preocupação com as possíveis consequências econômicas das sanções.
Além disso, a dinâmica política interna também afetou o mercado, com a percepção de enfraquecimento da direita, incluindo a figura do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), que vem se contradizendo ao apoiar Bolsonaro e as políticas tarifárias de Trump.
Trump também fez novas ameaças ao Brics, afirmando que, se o grupo de países se formar de maneira significativa, ele será derrotado rapidamente. A tensão com o Brics soma-se à pressão de Trump sobre tarifas sobre produtos provenientes da União Europeia, gerando um clima de incerteza no mercado financeiro.