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Atualidade
20/07/2025 18:00:00

Especialistas e setor produtivo temem caos se Brasil escalar tensão com EUA

Especialistas e setor produtivo temem caos se Brasil escalar tensão com EUA

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as importações brasileiras tem gerado grande apreensão tanto no setor público quanto privado, que buscam alternativas para resolver a situação. A realidade predominante é que a alíquota não voltará aos 10% definidos em abril, e embora ainda haja tentativas de negociação, o cenário é visto com crescente incerteza. A disputa política entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tem agravado o clima, prejudicando as negociações.

Paulo Roberto Pupo, superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), alerta que uma escalada das tensões pode gerar "um caos" no setor, já em instabilidade devido à tarifa. O setor madeireiro, em particular, está preocupado com a possibilidade de perder permanentemente o mercado norte-americano, um dos maiores importadores de produtos brasileiros.

Economistas como José Luiz Niemeyer também expressam preocupação, destacando os impactos da tarifa sobre o emprego, o investimento estrangeiro e as empresas norte-americanas no Brasil. Niemeyer observa que a escalada do conflito poderia gerar problemas incontroláveis, especialmente se as negociações ficarem restritas às ações políticas dos presidentes.

O setor cafeeiro, embora não tenha relatado prejuízos até o momento, enfrenta um mercado travado, e o aumento do custo pode prejudicar tanto os consumidores norte-americanos quanto os produtores brasileiros. Já o setor de pescados, segundo Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, está em um cenário de "xeque-mate", com os Estados Unidos suspendendo todos os pedidos de pescados brasileiros e buscando fornecedores de outros países.

O setor pesqueiro, que exporta 70% de sua produção para os EUA, estima perdas de até US$ 200 milhões caso a tarifa de 50% persista. Lobo solicita apoio governamental urgente, como uma linha de crédito de até R$ 900 milhões, para evitar a falência de muitas empresas do setor.

Diante dessa crise, especialistas recomendam que o governo brasileiro busque um diálogo mais construtivo, evitando confrontos ideológicos e focando em soluções técnicas para garantir a estabilidade econômica e a continuidade das relações comerciais com os Estados Unidos. O empresariado, em particular, pede ao governo que priorize a diplomacia e a negociação, com ênfase na manutenção da confiança e na abertura de novos mercados a longo prazo.