Em uma movimentação estratégica diante da ameaça de novas tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, empresas norte-americanas aumentaram significativamente suas compras de carne bovina do Brasil nos meses de março e abril de 2025. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da USP, as exportações para os EUA superaram 40 mil toneladas por mês durante esse período, alcançando volumes recordes. A antecipação das compras tem como principal motivação a preocupação com a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que Trump pretende implementar no início de agosto.
Esse movimento de estocagem foi tão significativo que, em junho, após as compras intensas, o volume de exportações de carne bovina para os EUA caiu para o menor nível desde dezembro de 2023. Os Estados Unidos, atualmente o segundo maior destino das exportações de carne bovina brasileira, respondem por 12% do total exportado, com a China liderando com 49%.
Além da carne bovina, outros setores do agronegócio brasileiro também estão preocupados com as consequências do aumento das tarifas. O suco de laranja, que já enfrenta tarifas fixas superiores a 400 dólares por tonelada, é um dos produtos mais vulneráveis. Como resultado, algumas indústrias brasileiras suspenderam as exportações do produto para os EUA. O setor de café também está em risco, já que os EUA são o maior consumidor do grão brasileiro, absorvendo cerca de 25% da produção exportada. A aplicação da sobretaxa pode afetar a viabilidade econômica das exportações para o mercado americano, gerando incertezas sobre o futuro de diversos produtos do agronegócio brasileiro.