Um novo estudo divulgado nesta quinta-feira (17) revelou que 80% das mulheres enfrentam maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante a menopausa, principalmente quando adotam hábitos pouco saudáveis. Os dados mostram que apenas uma em cada cinco mulheres atinge pontuação ideal no Life’s Essential 8 (LE8), um sistema que avalia oito fatores essenciais para a saúde do coração. Os resultados chamam atenção para a importância de cuidados redobrados com o corpo durante essa fase da vida.
A pesquisa, publicada no periódico Menopause e destacada pelo site Best Life, aponta que fatores como glicemia elevada, hipertensão, uso de nicotina e má qualidade do sono são os que mais impactam negativamente a saúde cardiovascular. Esses elementos não apenas aumentam os riscos de infarto e AVC, como também podem reduzir significativamente a expectativa de vida.
O LE8 avalia indicadores como alimentação, atividade física, exposição à nicotina, qualidade do sono, índice de massa corporal (IMC), colesterol, glicose e pressão arterial. De acordo com o pesquisador sênior Samar R. El Khoudary, da Universidade de Pittsburgh, a transição para a menopausa representa um momento crítico para o sistema cardiovascular feminino. “Este é também um momento oportuno para que as mulheres assumam o controle da saúde do próprio coração”, destacou o especialista.
Estudos anteriores já haviam estabelecido relação entre privação de sono — dormir menos de seis horas por noite — e maior risco de doenças cardíacas. Dados de 2024 também mostraram que mulheres na pré-menopausa e perimenopausa, que dormem mal e acordam frequentemente à noite, são mais vulneráveis a eventos como AVC, infarto ou parada cardíaca.
As diretrizes do LE8 recomendam de sete a nove horas de sono por noite. Dormir menos do que isso pode aumentar as chances de desenvolver hipertensão, diabetes, colesterol elevado, ansiedade, depressão e até demência.
O levantamento analisou registros de 2.924 mulheres de meia-idade, acompanhadas ao longo dos anos pelo Study of Women’s Health Across the Nation (SWAN). Os pesquisadores compararam os níveis de saúde cardiovascular, tanto clínica quanto subclínica, observando casos como espessamento da artéria carótida e a ocorrência de infartos, AVCs e óbitos.
Os resultados mostraram que quanto melhor a pontuação no LE8, melhores eram os desfechos de saúde. No entanto, apenas 21% das participantes alcançaram pontuação ideal. Já as demais apresentaram risco cardiovascular significativamente maior.
Entre os fatores avaliados, os mais críticos foram glicemia desregulada, pressão arterial elevada, má qualidade do sono e uso de nicotina. O sono, em especial, foi apontado como um possível indicador de comorbidades e mortalidade a longo prazo, embora sem associação direta com alterações arteriais em curto prazo.
O estudo reforça a necessidade de intervenções médicas e mudanças no estilo de vida para preservar a saúde do coração durante e após a menopausa — um período de profundas transformações hormonais e metabólicas na vida das mulheres.