Motorista por aplicativo forja sequestro e incendeia carro para tentar fraudar seguro, revela investigação da Polícia Civil

A Polícia Civil de Alagoas desvendou, nesta quarta-feira (16), um caso de falsa comunicação de crime envolvendo um motorista por aplicativo que simulou um sequestro e ateou fogo ao próprio veículo na tentativa de fraudar um seguro veicular. A investigação foi conduzida pela Seção Antissequestro da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e foi detalhada em coletiva de imprensa na sede da Delegacia Geral, em Jacarecica, com a presença do delegado-geral Gustavo Xavier e dos delegados Igor Diego e João Marcello.

O caso ganhou repercussão após Josivaldo dos Santos da Silva, o autor da fraude, relatar ter sido vítima de um assalto violento. Segundo ele, três criminosos armados o abordaram, colocaram-no no banco traseiro de seu carro — um VW Fox preto — e o levaram até um canavial, onde teriam tentado matá-lo, ateando fogo em seu corpo. Ele alegou ter conseguido escapar e procurado atendimento médico antes de registrar ocorrência na delegacia.

Contudo, as investigações comprovaram que a história era falsa. Imagens e diligências apontaram que Josivaldo comprou combustível em um posto de gasolina e incendiou intencionalmente seu próprio carro em um local afastado. O objetivo era acionar o seguro do automóvel, avaliado em R$ 50 mil, e receber a indenização por cobertura contra incêndio. Durante a execução da fraude, ele acabou se queimando acidentalmente, o que reforçou a tentativa de dar credibilidade ao relato fictício.

De acordo com os delegados, o motorista será indiciado por estelionato (art. 171, §2º, V), falsidade ideológica (art. 299) e comunicação falsa de crime (art. 340), podendo ser condenado a até 10 anos de prisão. Ele também acionou o seguro no mesmo dia do falso crime, tentando obter vantagem indevida com base na fraude.

O veículo já foi localizado em uma área rural do bairro Benedito Bentes e recolhido pela seguradora. A Polícia Civil irá comunicar formalmente à empresa sobre o resultado da investigação, a fim de evitar qualquer pagamento fraudulento. O inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, que darão prosseguimento à ação penal.

Segundo os investigadores, o caso evidencia o uso da estrutura do Estado — incluindo o registro de boletim de ocorrência — como instrumento para encobrir uma tentativa deliberada de fraude. A resposta rápida da polícia foi essencial para desmontar a farsa e garantir a responsabilização do autor.