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Geral
17/07/2025 07:00:00

Descoberta revolucionária na medicina: molécula gerada por bactérias intestinais provoca aterosclerose, doença responsável por milhões de mortes

Descoberta revolucionária na medicina: molécula gerada por bactérias intestinais provoca aterosclerose, doença responsável por milhões de mortes

Cientistas espanhóis fizeram uma descoberta inovadora que pode mudar o rumo da medicina, revelando que uma molécula produzida por bactérias intestinais é a responsável pelo desenvolvimento da aterosclerose, condição que pode gerar ataques cardíacos e derrames, sendo uma das principais causas de mortes em todo o mundo. O estudo, realizado com voluntários do Banco Santander em Madri, pode abrir novas perspectivas para tratamentos além da simples redução do colesterol.

A pesquisa, que se estendeu por anos, constatou que algumas bactérias intestinais geram o propionato de imidazol, uma molécula que causa aterosclerose. Essa substância provoca uma reação inflamatória nas artérias, resultando no acúmulo de gordura. O trabalho foi publicado na revista Nature, e os resultados foram surpreendentes: 63% dos participantes saudáveis, com idades entre 40 e 55 anos, já apresentavam sinais iniciais da doença. A descoberta sinaliza uma grande mudança de paradigma, pois sugere que a aterosclerose não é causada apenas pelo excesso de gordura, mas também possui um componente inflamatório e autoimune.

David Sancho, biólogo e líder do estudo no Centro Nacional de Pesquisas Cardiovasculares (CNIC), afirmou que o propionato de imidazol tem efeito causal na aterosclerose. Durante os testes em camundongos, a administração dessa molécula provocou o desenvolvimento da doença. Além disso, os cientistas detectaram níveis elevados de propionato de imidazol em 20% dos voluntários com aterosclerose ativa, uma condição mais grave, na qual as placas de gordura podem se romper e formar coágulos sanguíneos, desencadeando ataques cardíacos ou derrames.

A boa notícia é que essa descoberta também aponta para formas de prevenção. Os pesquisadores identificaram o receptor celular ao qual o propionato de imidazol se liga e conseguiram bloquear essa interação com um medicamento. Em experimentos com camundongos alimentados com uma dieta rica em colesterol, o uso do inibidor impediu a progressão da aterosclerose, mostrando que é possível prevenir a doença.

Além disso, os cientistas descobriram que a presença elevada de propionato de imidazol pode ocorrer independentemente de fatores de risco tradicionais, como colesterol elevado ou pressão alta. Esse achado pode explicar por que algumas pessoas desenvolvem doenças cardíacas mesmo com níveis normais desses fatores de risco. Os resultados também indicaram que uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais, peixe e laticínios com baixo teor de gordura pode reduzir os níveis dessa molécula, contribuindo para a prevenção da aterosclerose.

Essa descoberta abre novas portas para o diagnóstico e tratamento precoce da aterosclerose, doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Embora os pesquisadores reconheçam que mais estudos são necessários para identificar as cepas bacterianas específicas responsáveis pela produção do propionato de imidazol, a pesquisa já está proporcionando novas possibilidades para combater as doenças cardiovasculares. O trabalho também pode ser fundamental para desenvolver métodos de diagnóstico mais eficazes, permitindo identificar a aterosclerose em estágios iniciais, quando as pessoas ainda não sabem que estão em risco.