O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a retirada de 2 mil soldados da Guarda Nacional que haviam sido enviados a Los Angeles para conter protestos contra sua política de repressão à imigração. O anúncio foi feito pelo Pentágono nesta terça-feira (15), reduzindo pela metade o contingente que chegou à cidade no início de junho.
A mobilização militar envolvia cerca de 4 mil membros da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais. Até o momento, o governo federal não esclareceu o motivo da retirada parcial nem o tempo de permanência do restante das tropas.
A presença dos militares foi contestada desde o início pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, que chegou a acionar a Justiça para impedir o envio, tornando-se o primeiro caso desde 1965 em que um presidente envia tropas da Guarda Nacional contra a vontade de um governador. Newsom argumenta que as tropas não têm missão clara, atuam sem direção e servem apenas como “peões políticos do presidente”.
O governador também alertou para o impacto da mobilização sobre o combate a incêndios florestais, já que o estado enfrenta a fase mais crítica da temporada e parte do efetivo da Guarda Nacional estava deslocada. Um pedido para realocar 200 soldados para essas ações foi feito ao Secretário de Defesa, Pete Hegseth, ainda em junho.
Apesar de uma decisão inicial da Justiça ter considerado ilegal a presença das tropas, o controle permaneceu com o governo federal após reversão da decisão por um tribunal de apelações. Um novo julgamento está previsto para o próximo mês.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, defendeu a atuação dos militares, alegando que a presença das tropas teria ajudado a conter a “ilegalidade” em Los Angeles. No entanto, líderes locais acusam o governo de utilizar a força militar para intimidar a população.
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, celebrou a retirada parcial e afirmou que o recuo só ocorreu devido à resistência popular. “Foi a união da nossa população, que protestou, foi aos tribunais e se manteve firme, que levou a essa decisão. Ainda não vamos parar”, disse. Em sua avaliação, a principal missão das tropas era proteger dois prédios públicos “que nem sequer precisavam de proteção”.
As manifestações na cidade, majoritariamente pacíficas, aumentaram nas últimas semanas após prisões de migrantes. Alguns protestos, no entanto, registraram confrontos com a polícia, veículos incendiados e uso de armas não letais pelas forças de segurança, incluindo gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral.
A operação mais recente ocorreu no Parque MacArthur, onde soldados fortemente armados e a cavalo foram mobilizados, embora autoridades locais afirmem que não houve prisões e que a ação teve como objetivo apenas “semear o medo”.
O envio das tropas tinha previsão inicial de 60 dias, com possibilidade de extensão ou redução conforme decisão do Departamento de Defesa. A permanência do restante das forças em Los Angeles, no entanto, ainda não foi definida.