O padre Walfran Fonseca dos Santos, ex-responsável pela Igreja de Santo Antônio, em Maceió, tornou-se réu em dois processos judiciais que questionam a ausência de prestação de contas sobre R$ 17 milhões recebidos por meio de recursos públicos e indenização privada. Os valores envolvem repasses destinados a um projeto social da paróquia e uma compensação financeira paga pela mineradora Braskem, após o afundamento do solo no bairro do Bebedouro.
Um dos processos foi iniciado pela Arquidiocese de Maceió, que cobra esclarecimentos sobre a aplicação de R$ 3,1 milhões destinados ao Projeto Recriar, voltado a ações sociais. O montante foi obtido por meio de emendas parlamentares, e, segundo a instituição religiosa, não houve qualquer prestação de contas ou documentação apresentada pela gestão anterior. O ex-conselheiro fiscal Ronnie Rayner Teixeira Mota também é citado na ação.
“Ao constatar irregularidades na condução do projeto, a nova gestão da Arquidiocese acionou a Justiça e solicitou a devolução dos recursos aos cofres públicos”, declarou a instituição em nota.
O segundo processo, movido pela própria Paróquia de Santo Antônio, diz respeito à indenização de R$ 13,8 milhões paga pela Braskem à igreja centenária do bairro Bebedouro, que precisou ser desativada devido aos danos causados pelo colapso geológico na região. Padre Walfran, que presidia uma associação beneficente vinculada à paróquia à época, não teria apresentado qualquer informação sobre a destinação desses recursos.
A Arquidiocese informou, por meio de nota oficial, que o padre foi afastado das funções conforme determinações do Direito Canônico. Uma auditoria externa foi contratada para apurar os fatos e uma ação de reintegração de posse foi protocolada com o objetivo de retomar um imóvel cedido à entidade “Mãos de Alagoas”, anteriormente ligada ao Projeto Recriar.
“A Arquidiocese de Maceió reafirma seu compromisso com a transparência, a ética e a correta administração dos recursos destinados às obras sociais”, declarou o arcebispo Dom Carlos Alberto Breis Pereira, que assumiu a administração em abril de 2024.
Até o momento, a defesa do padre Walfran Fonseca dos Santos não foi localizada para apresentar sua versão dos fatos.