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Geral
16/07/2025 15:00:00

Médicos denunciam falta de insumos e criticam cartaz no HGE que pede denúncias por WhatsApp

Médicos denunciam falta de insumos e criticam cartaz no HGE que pede denúncias por WhatsApp

O Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL) divulgou uma nota de repúdio contra um cartaz instalado no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, que incentiva pacientes e acompanhantes a registrarem e denunciarem situações de “má assistência” através de fotos, vídeos e mensagens enviadas por WhatsApp diretamente à direção da unidade.

Segundo o sindicato, o cartaz tenta transferir a responsabilidade das falhas no atendimento para os profissionais da saúde, quando os problemas enfrentados pela unidade vão muito além do que os usuários conseguem ver. Um dos exemplos citados é a sala de ultrassonografia, onde o ar-condicionado está quebrado há quatro meses, inviabilizando o funcionamento adequado do aparelho — que necessita de temperatura controlada para operar corretamente. O sindicato alerta que o equipamento corre risco de inutilização permanente.

Na UTI Pediátrica do hospital, o cenário também é alarmante. Das 20 vagas disponíveis, apenas 11 estão em funcionamento. As demais foram desativadas por falta de materiais essenciais, como ventiladores mecânicos, e por falhas na rede elétrica, agravadas pelas últimas chuvas. Isso tem prejudicado o atendimento a crianças em estado grave.

Para o Sinmed, a gestão do HGE tem falhado em garantir as condições mínimas necessárias para o funcionamento da unidade. A entidade destaca a escassez de medicamentos e insumos básicos, além da insuficiência de profissionais para atender à crescente demanda. Em nota, o sindicato afirmou que os profissionais da saúde também sofrem com a precariedade das condições de trabalho e considerou injusta a tentativa de responsabilizá-los pelos problemas estruturais.

Lista de medicamentos e insumos em falta

Como forma de sustentar as denúncias, o sindicato divulgou uma lista com medicamentos e insumos hospitalares que estão em falta no HGE. Entre os itens considerados críticos estão:

  • Medicamentos essenciais como alteplase, morfina, amiodarona, enoxaparina, propofol e dexametasona

  • Antibióticos como ceftriaxona, ceftazidima com avibactam, polimixina B e piperacilina com tazobactam

  • Insumos hospitalares como agulhas hipodérmicas, cateteres, álcool em gel, escovas degermantes com clorexidina, equipos de bomba enteral e fios de sutura

A ausência desses itens pode colocar em risco direto a vida de pacientes em situações de urgência e emergência.

Ao final da nota, o Sinmed faz um apelo à população para que, ao utilizar o número de WhatsApp indicado no cartaz, denuncie não apenas falhas no atendimento, mas principalmente os verdadeiros motivos da deterioração do serviço: a falta de estrutura, a escassez de insumos e a sobrecarga imposta aos profissionais de saúde.

Nota completa do sindicato

“Esta semana nos surpreendemos com o cartaz acima no Hospital Geral do Estado (HGE).

Na verdade, o gestor negligencia no abastecimento de insumos, medicamentos, dimensionamento da equipe, instalações e demais condições para o atendimento adequado.

Como se não bastasse, induz aos usuários a culparem os profissionais, que, na verdade, são tão vítimas quanto eles próprios (usuários) da realidade que protagonizam.

Isso é subestimar a inteligência de todos.

Vamos enviar mensagem para o WhatsApp indicado e mostrar o que, de fato, dificulta a qualidade da assistência? Veja a relação de itens faltosos e críticos no HGE.”

A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que orientou a equipe a buscar contato com a assessoria do próprio HGE. Até o momento da publicação, não houve retorno.