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Guerra
15/07/2025 00:00:00

Colonos israelenses intensificam ataques na Cisjordânia ocupada

Colonos israelenses intensificam ataques na Cisjordânia ocupada

Dois jovens palestinos, entre eles um cidadão dos Estados Unidos, foram mortos durante mais um episódio de violência cometido por colonos israelenses na Cisjordânia ocupada. O caso mais recente ocorreu em Al Mazra'a Al Sharqiya, cidade próxima a Ramallah, onde centenas de pessoas compareceram no domingo (13) ao funeral de Sayfollah Musallet, de 20 anos, e Mohammed al-Shalabi, de 23. Segundo os relatos das famílias, Musallet foi espancado até a morte, enquanto al-Shalabi foi alvejado por disparos. Testemunhas afirmam que os colonos impediram o socorro às vítimas e chegaram a agredir profissionais de saúde que tentavam prestar assistência.

O pai de Mohammed, Razek Hassan Al Shalabi, contou que, horas antes de morrer, seu filho falava em casamento e planos para constituir família. Já Musallet, conhecido como Saif, havia chegado dos Estados Unidos para passar as férias com os parentes. Diana Halum, prima do jovem e porta-voz da família, relatou que ele foi linchado por colonos israelenses e deixado sem atendimento por horas.

De acordo com os familiares, médicos tentaram reanimar Sayfollah por três horas, sem sucesso. O jovem morreu dentro da ambulância antes de chegar ao hospital. Em nota, a família exigiu do governo americano uma investigação urgente para responsabilizar os autores do crime. O Departamento de Estado dos EUA confirmou conhecimento do caso e declarou estar disponível para prestar apoio consular, mas evitou comentar detalhes em respeito à privacidade da família.

O ataque aconteceu na sexta-feira (11), durante uma manifestação contra as constantes ações violentas de colonos israelenses e a tomada de terras palestinas. As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram inicialmente que "terroristas" lançaram pedras contra civis israelenses, gerando um "confronto violento", e prometeram uma investigação conjunta com a polícia militar. As famílias das vítimas, contudo, dizem que os corpos dos jovens apresentavam claros sinais de tortura.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (Ocha), mais de 2.070 ataques de colonos foram registrados entre janeiro de 2024 e maio de 2025 na Cisjordânia, com vítimas fatais e destruição de propriedades palestinas. A violência tem se intensificado desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, com relatos de invasões a vilarejos e a criação de cerca de 80 novos postos avançados ilegais por colonos extremistas, muitos deles integrados às forças de reserva.

Organizações de direitos humanos alertam que esses postos têm sido tolerados e até convertidos oficialmente em assentamentos por Israel, ampliando o controle sobre o território ocupado. Há também denúncias de conivência de militares israelenses, que presenciam os ataques e não agem para impedir os crimes.

A comoção entre os moradores foi visível. Amigos das vítimas se reuniram na escola local no sábado, ainda em estado de choque. Iyad, primo de Sayfollah e também cidadão americano, expressou indignação com a falta de ação do governo dos EUA diante dos ataques a palestinos com cidadania americana. Ele lamentou que a atenção ao caso só tenha ocorrido porque uma das vítimas era americana, lembrando outros episódios semelhantes sem responsabilização.

Desde o início da guerra, outros três palestinos com cidadania dos Estados Unidos foram mortos na Cisjordânia. Nenhum dos casos resultou em acusação formal. Hafeth Abdel Jabbar, pai de um desses jovens, criticou duramente o apoio do governo americano a Israel, acusando-o de sustentar um regime que, segundo ele, permite e protege colonos extremistas responsáveis por crimes contra palestinos. Ele classificou o tratamento recebido como desumano.

O pai de Mohammed, ainda em luto, afirmou não acreditar que algum dia receberá respostas das autoridades sobre a morte do filho. Emocionado, disse que, mais do que pai e filho, eram amigos — e não conseguiu terminar sua frase.