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14/07/2025 00:00:00

Dia Mundial do TDAH alerta para a importância do diagnóstico correto

Dia Mundial do TDAH alerta para a importância do diagnóstico correto

Combinando sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) continua sendo um dos maiores desafios da saúde mental, especialmente quando se trata de diagnóstico e tratamento adequados. Neste 13 de julho, Dia Mundial do TDAH, profissionais de saúde destacam a necessidade de combater o preconceito e ampliar o acesso à informação qualificada sobre o transtorno.

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes brasileiros entre 6 e 17 anos são afetados pelo TDAH. Os números reforçam a urgência de políticas públicas e ações educativas voltadas à saúde mental infantojuvenil. Apesar de mais conhecido atualmente, o transtorno ainda é frequentemente confundido com comportamentos como falta de disciplina ou excesso de uso de tecnologia, o que contribui para diagnósticos equivocados.

A psiquiatra Carla Vieira, do CAPS Infantojuvenil M’Boi Mirim, em São Paulo, explica que o TDAH tem origem biológica e genética, afetando diretamente a capacidade de concentração, o controle dos impulsos e, em alguns casos, os níveis de atividade física. “Não se trata de má educação ou desinteresse. É o funcionamento diferente do cérebro”, destaca.

Ela afirma que os primeiros sinais costumam surgir ainda na infância, com agitação, impulsividade e dificuldades escolares. Na adolescência, esses comportamentos se transformam, e os desafios passam a envolver desorganização e impulsividade emocional. Já na vida adulta, os sintomas mais comuns são desatenção, falta de foco e dificuldades para manter uma rotina estável.

“Muitos adultos só descobrem o TDAH após o diagnóstico dos filhos. Quando se identificam com os sintomas, percebem que lutaram durante anos contra dificuldades que nunca souberam nomear”, relata a psiquiatra.

O diagnóstico, no entanto, pode levar anos para ser feito, especialmente em mulheres, cujo quadro se manifesta de forma mais silenciosa, com predomínio da desatenção. “Muitas meninas crescem sendo chamadas de distraídas ou desorganizadas, sem saber que há uma causa real para essas dificuldades”, acrescenta Carla.

A neurologista Denise Diniz explica que o diagnóstico adequado exige uma avaliação clínica detalhada, baseada em diferentes fontes de informação. “É preciso reunir histórico médico, relatos da família e professores, observações comportamentais e, em alguns casos, testes neuropsicológicos”, afirma.

Confirmado o diagnóstico, é fundamental garantir acompanhamento contínuo. Segundo Denise, o tratamento é multimodal e pode incluir terapia comportamental, suporte escolar, intervenções psicossociais e, quando necessário, medicamentos — sempre sob orientação médica. “As medicações podem ajudar a controlar os sintomas, mas a terapia comportamental é fundamental para desenvolver estratégias de enfrentamento”, completa.

O tratamento do TDAH deve ser adaptado à realidade de cada pessoa. Para a psiquiatra Carla Vieira, medicamentos estimulantes são úteis, mas não são a única forma de intervenção. “Terapia cognitivo-comportamental, mudanças no estilo de vida e psicoeducação são tão importantes quanto. Cada caso exige um plano personalizado”, diz.

Ela também alerta para a importância de capacitar profissionais da saúde e da educação para identificar os sinais do transtorno e oferecer suporte adequado. “Ainda vemos muitas crianças sendo chamadas de ‘problemáticas’ nas escolas, quando na verdade precisam de um plano de ensino individualizado e acompanhamento especializado”.

O estigma em torno do TDAH ainda é um obstáculo. “Muitos acham que é uma desculpa ou invenção da indústria farmacêutica. Esse tipo de comentário machuca e atrasa o tratamento. É uma condição reconhecida internacionalmente. Informação e empatia fazem toda a diferença”, ressalta Carla.

Segundo ela, com diagnóstico precoce, tratamento adequado e apoio emocional, é possível transformar profundamente a vida de quem convive com o TDAH. “O transtorno não define ninguém. Entender como ele funciona pode mudar trajetórias. A informação é o primeiro passo para isso”.