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Mundo
13/07/2025 20:00:00

Homem mais rico do Zimbábue trará primeira ‘fábrica de IA’ à África em parceria com a Nvidia

Homem mais rico do Zimbábue trará primeira ‘fábrica de IA’ à África em parceria com a Nvidia

A África está prestes a receber sua primeira fábrica de inteligência artificial, uma iniciativa liderada por Strive Masiyiwa, o empresário mais rico do Zimbábue e dono da Cassava Technologies. Em parceria com a gigante americana Nvidia, o projeto tem como objetivo transformar o continente em um polo de inovação tecnológica. A instalação inicial da infraestrutura está prevista para este mês na África do Sul.

Segundo Masiyiwa, a escassez de ferramentas modernas tem impedido o avanço da inteligência artificial na África, um obstáculo que a nova fábrica pretende superar. “Colaborar com a Nvidia nos dá a capacidade computacional necessária para impulsionar a inovação e fortalecer a autonomia digital do continente”, afirmou.

A Nvidia, comandada por Jensen Huang — atualmente o décimo homem mais rico do mundo —, fornecerá milhares de GPUs (processadores gráficos) de alto desempenho. Três mil dessas unidades já foram instaladas na sede da Cassava na África do Sul em junho. Outras nove mil devem ser distribuídas ao longo dos próximos quatro anos em países como Nigéria, Quênia, Marrocos e Egito. Estima-se que o investimento total no projeto chegará a US$ 720 milhões (cerca de R$ 4 bilhões).

O modelo proposto é o de uma incubadora de startups em larga escala, com estrutura digital que oferecerá acesso remoto a ferramentas avançadas de IA. A iniciativa deve beneficiar empresas, governos e pesquisadores locais, que passam a contar com poder computacional de ponta sem precisar arcar com os custos elevados de aquisição de hardware — algumas GPUs da Nvidia ultrapassam milhares de dólares.

Durante o Global AI Summit on Africa 2025, realizado em abril em Kigali, Masiyiwa destacou o protagonismo dos jovens empreendedores do continente. “Eles são nativos digitais. Só precisamos dar a eles as ferramentas certas para desenvolverem soluções que já sabem criar”, disse.

Apesar do entusiasmo, o continente ainda enfrenta desafios significativos, como o acesso limitado à eletricidade — realidade para cerca de 600 milhões de pessoas — e baixa alfabetização digital. No entanto, especialistas apontam que o avanço de tecnologias como energia renovável e internet via satélite, incluindo o serviço Starlink, pode mudar esse cenário.

O Fórum Econômico Mundial identificou um déficit de qualificação como um dos principais obstáculos à transformação digital na África, com mais de 60% das empresas citando a falta de mão de obra especializada como barreira até 2030.

Com a fábrica de IA, a Cassava e a Nvidia pretendem criar um ecossistema robusto para apoiar desde a criação de algoritmos e testes de modelos até o processamento de grandes volumes de dados. “Se a África quiser aproveitar plenamente a quarta revolução industrial, precisa construir sua infraestrutura digital. E é isso que estamos fazendo agora”, concluiu Masiyiwa.