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Economia
12/07/2025 02:00:00

EUA produzem apenas 1% do café que consomem e importam 8 milhões de sacas do Brasil

EUA produzem apenas 1% do café que consomem e importam 8 milhões de sacas do Brasil

Os Estados Unidos são os maiores consumidores de café do mundo, consumindo cerca de 24 milhões de sacas por ano, mas produzem internamente apenas 1% desse volume. Para atender à demanda, o país importa aproximadamente oito milhões de sacas de café do Brasil anualmente, tornando-se o principal destino da produção brasileira. A relação entre os dois países, no entanto, está ameaçada pelas tarifas anunciadas pelo governo Trump, que preveem uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

A medida deve impactar diretamente os consumidores americanos, já que o preço do café nos EUA subiu 32,4% entre junho de 2024 e maio de 2025, segundo dados do próprio governo. Sem o café brasileiro, considerado essencial para o mercado norte-americano, a oferta ficará ainda mais pressionada.

O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Celírio Inácio, alerta para os prejuízos que a decisão trará a ambos os lados. Ele defende uma solução por meio da diplomacia e do diálogo entre os países. No Brasil, as perdas podem resultar em desemprego e queda de investimentos no setor cafeeiro, enquanto nos EUA, os consumidores deverão arcar com preços ainda mais altos.

Inácio lembra que o Brasil precisa das exportações para manter a saúde do setor, que emprega mais de 8,4 milhões de pessoas. Ele ressalta que, apesar de uma eventual redução temporária no preço do café no mercado interno, o impacto em longo prazo pode ser negativo. A menor exportação pode aumentar a oferta nacional e baratear o produto por um período, mas isso também pode desmotivar os produtores a plantarem novas safras.

A Colômbia, segundo maior fornecedor de café para os EUA, produz cerca de 12 a 13 milhões de toneladas por safra, volume insuficiente para cobrir a ausência brasileira. Outros países como Vietnã e Indonésia produzem majoritariamente café do tipo conilon (robusta), enquanto os americanos preferem o arábica, o que dificulta a substituição. Além disso, esses países também enfrentaram tarifas impostas por Trump, o que elevou ainda mais os preços.

Marcos Mattos, representante do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), afirmou que a entidade já acionou o Ministério da Agricultura para buscar novos mercados para o café brasileiro. Entre os potenciais compradores estão China, Índia, Indonésia e Austrália. Ele destacou ainda que a Associação Nacional do Café dos EUA (NCA) está negociando com o governo americano uma isenção das tarifas para o café brasileiro, que desde abril já vinha sendo taxado em 10%.

Para Mattos, a solução passa pelo entendimento diplomático, pois o principal prejudicado será o próprio consumidor dos Estados Unidos.