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A União Europeia e Israel acertaram, nesta quinta-feira (10), um plano que permitirá uma ampliação "substancial" do acesso humanitário à Faixa de Gaza, incluindo o aumento do número de caminhões com alimentos e medidas voltadas à proteção dos trabalhadores humanitários. O anúncio foi feito pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, a poucos dias de discutir com ministros europeus possíveis sanções contra Israel por violar o Acordo de Associação entre as partes.
Entre as ações previstas, estão a entrega significativa de alimentos e insumos não alimentares, a reabertura de rotas de ajuda via Jordânia e Egito, e a distribuição de mantimentos por meio de padarias e cozinhas públicas em diversas áreas do território palestino. O plano também prevê o reabastecimento de combustível para instalações humanitárias, além da restauração de infraestruturas essenciais, como a reativação da energia em unidades de dessalinização.
A medida é fruto de negociações intensas lideradas por uma delegação europeia enviada a Telavive há mais de duas semanas, sob coordenação do enviado especial da UE para o Oriente Médio, Christophe Bigot. De acordo com uma fonte próxima às conversas, o objetivo principal foi "acabar com a fome e as mortes" provocadas pela violência persistente na região.
Segundo o comunicado da UE, Israel adotou resoluções no Conselho de Ministros que levaram à decisão de facilitar o fluxo de ajuda. A implementação das novas medidas deve ocorrer nos próximos dias, com o compromisso mútuo de que os recursos cheguem diretamente à população. A distribuição será feita em coordenação com a ONU e parceiros internacionais, excluindo a Fundação Humanitária de Gaza, controlada por empresas privadas e alvo de críticas por registros de mortes em pontos de distribuição, segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU.
A UE reiterou que continuará adotando mecanismos para impedir o desvio da ajuda ao grupo Hamas, e reforçou sua defesa por um cessar-fogo imediato e pela libertação de todos os reféns ainda mantidos pelo grupo palestino.
Uma possibilidade em análise é o deslocamento da Missão de Assistência Fronteiriça da UE para o posto de Rafah, com o objetivo de fiscalizar a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O acordo, no entanto, não interfere nas discussões programadas para a próxima semana entre os ministros das Relações Exteriores da UE, que deverão avaliar cinco possíveis respostas à quebra do Acordo de Associação por parte de Israel. Mesmo com o avanço diplomático, há ceticismo entre diplomatas europeus quanto à rapidez da aplicação prática do plano, principalmente diante de preocupações sobre segurança e o risco de a UE ser vista como legitimadora da controversa fundação humanitária que atuava na região.
