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Economia
09/07/2025 10:00:00

Taxar grandes fortunas “não funcionou em nenhum lugar”, diz ex-secretário da Receita Federal

Taxar grandes fortunas “não funcionou em nenhum lugar”, diz ex-secretário da Receita Federal

Durante entrevista ao programa CB.Poder nesta segunda-feira (7), o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel afirmou que a taxação de grandes fortunas é ineficaz e serve como uma estratégia para desviar o foco do que considera o verdadeiro problema fiscal do país: o excesso de gastos públicos. A declaração foi feita em conversa com os jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Mariana Niederauer, em uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.

Tributação já incide sobre patrimônio e renda, afirma Maciel

Maciel argumenta que não há justificativa técnica para tributar grandes fortunas, já que os ativos acumulados pelos mais ricos, segundo ele, já foram alvo de outros tributos. “Quando você fala em taxar uma grande fortuna, antes de ser constituída, ela já foi tributada pelo imposto de renda, por impostos patrimoniais, pelo consumo. Não tem o menor sentido”, declarou.

Ex-secretário critica medida e aponta “demagogia diversionista”

Para o ex-secretário, a proposta de taxar fortunas funciona como uma "demagogia diversionista", que desvia o debate do ponto central: a gestão dos gastos públicos. Ele reforça que o descontrole fiscal impacta diretamente em áreas como juros, inflação e na relação dívida pública/PIB. “O que precisa ser enfrentado é o excesso de gastos, e não criar novos tributos com baixa efetividade”, criticou.

Combate a fraudes deveria ser prioridade, diz Maciel

Maciel também defendeu a necessidade de um esforço mais rigoroso no combate a fraudes, especialmente em programas sociais e no sistema previdenciário. Ele citou irregularidades no Bolsa Família, no INSS e nas emendas parlamentares como exemplos. “Todo brasileiro conhece esse tipo de fraude, seja como vítima ou como alvo de tentativas. E ninguém dá a devida atenção”, alertou.

Brasil lidera em milionários na América Latina, mas solução passa por gestão

Apesar do crescimento do número de milionários no país, tema que também foi abordado durante o programa, o ex-secretário avalia que o caminho para um sistema fiscal mais eficiente não está na criação de novos impostos, mas sim em melhorias na gestão pública e na racionalização dos gastos. Para ele, insistir em tributos sobre grandes fortunas seria uma medida ineficaz e politicamente inviável.