Trump ameaça tarifa extra de 10% a países que apoiarem o Brics

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende impor uma tarifa adicional de 10% a países que se alinharem às chamadas “políticas antiamericanas do Brics”. A declaração foi feita por meio de uma postagem no Truth Social no domingo (7), mas não especificou quais medidas ou ações seriam consideradas hostis aos interesses norte-americanos.

Tarifa de 100% já havia sido ameaçada em caso de abandono do dólar

Essa nova ameaça se soma a declarações anteriores em que Trump já havia prometido impor tarifas de até 100% a nações do bloco Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — caso elas abandonassem o uso do dólar norte-americano em transações bilaterais. A retórica de Trump elevou as tensões no cenário comercial internacional e impactou os mercados: o dólar teve leve valorização, os metais registraram queda e o yuan chinês sofreu desvalorização.

Estados Unidos preparam envio de cartas tarifárias a dezenas de países

O governo norte-americano, segundo Trump, começará a enviar cartas com comunicados tarifários a diversos países ainda nesta semana, à medida que se aproxima o fim da pausa de 90 dias imposta pelo atual governo sobre a aplicação de tarifas mais altas. O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, informou que algumas nações sem acordos comerciais poderão solicitar uma extensão de três semanas antes da entrada em vigor das novas tarifas, prevista para 1º de agosto.

Brics reage e condena medidas unilaterais dos EUA

Durante a cúpula do Brics, realizada no fim de semana no Brasil, os líderes do bloco divulgaram uma declaração conjunta expressando “sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais”, condenando também os ataques militares recentes dos EUA e de Israel contra o Irã. O grupo reiterou a necessidade de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e denunciou a obstrução da ajuda humanitária no território palestino ocupado.

China e Índia evitam confronto direto, mas reforçam discurso multilateral

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, destacou que o Brics deve liderar reformas na governança global e promover soluções pacíficas para disputas internacionais. Ele criticou o unilateralismo e o protecionismo, afirmando que a China está disposta a cooperar para tornar a ordem global mais justa e eficiente. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, reiterou que “não há vencedores em guerras comerciais”.

A Índia e a Indonésia, que também foram mencionadas nos comentários de Trump, optaram por não responder diretamente às ameaças. Um porta-voz do governo indonésio afirmou que as negociações com os EUA continuam e que se busca uma solução diplomática.

Brics avança em sistema de pagamentos próprio

Em resposta à pressão norte-americana, os países do Brics reforçaram a intenção de seguir com o desenvolvimento de um sistema de pagamento transfronteiriço, que elimine a dependência do dólar nas operações comerciais entre os membros. A proposta, que está em discussão há anos, ganhou novo fôlego com a postura mais agressiva de Washington.

A escalada nas ameaças tarifárias de Trump promete acirrar as disputas comerciais em meio à reorganização de alianças econômicas globais lideradas por países emergentes.