O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (7) que Washington retomará os embarques de armas para a Ucrânia, poucos dias após a suspensão dos envios pelo Pentágono. A declaração foi feita durante um jantar na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que chegou a Washington com uma proposta de cessar-fogo em meio à tensão no Oriente Médio.
Respondendo a perguntas de jornalistas antes do encontro, Trump afirmou que os Estados Unidos devem agir. “Temos que fazer isso. Eles precisam ser capazes de se defender. Estão sofrendo um golpe muito duro agora”, disse, em referência à situação crítica enfrentada por Kiev, especialmente após recentes ataques aéreos russos a Kharkiv.
O presidente norte-americano esclareceu que os novos carregamentos serão compostos “principalmente” por armamentos de defesa, enfatizando o alto número de vítimas civis no conflito. “Muitas pessoas estão morrendo neste caos”, justificou.
A interrupção do fornecimento, anunciada na semana passada, foi justificada pelo governo Trump com base na redução inesperada dos estoques militares dos EUA. A suspensão incluiu armas fundamentais como os mísseis de defesa aérea Patriot, considerados cruciais para barrar os ataques de longo alcance lançados pela Rússia.
Durante o jantar com Netanyahu, Trump reiterou sua insatisfação com o presidente russo Vladimir Putin. “Não estou nada satisfeito com o presidente Putin”, afirmou, revelando que conversou com o líder russo por telefone na última quinta-feira por cerca de uma hora. Segundo Trump, a conversa não resultou em avanços para uma negociação de paz. “Não houve nenhum progresso.”
O presidente americano voltou a insistir que a guerra não teria ocorrido se ele estivesse no cargo desde o início. “Isso nunca teria acontecido se eu fosse presidente”, afirmou, repetindo uma de suas narrativas mais frequentes sobre o conflito.
Na sexta-feira anterior, Trump também falou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que apelou por reforço na defesa aérea após um dos ataques mais intensos a Kiev desde o início da guerra. Zelensky publicou nas redes sociais que ambos concordaram em buscar uma proteção mais eficaz nos céus ucranianos e que suas equipes técnicas se reuniriam em breve.
No entanto, informações contraditórias circularam. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, durante a conversa com Zelensky, Trump afirmou que havia solicitado ao Pentágono uma revisão dos estoques de munições após os bombardeios às instalações nucleares iranianas, mas negou ter ordenado a paralisação dos envios à Ucrânia.
O Pentágono, por sua vez, confirmou publicamente que os fornecimentos haviam sido suspensos, justificando que as armas seriam prioritárias para os próprios EUA e aliados da Otan. A paralisação ocorreu no mesmo momento em que a Rússia intensificava sua ofensiva, o que gerou críticas internacionais à postura de Washington.
Apesar da retomada parcial anunciada por Trump, ainda não está claro se o envio abrangerá os sistemas de defesa mais avançados ou se haverá restrições adicionais. A decisão ocorre em um contexto de escalada militar na Ucrânia e tensões diplomáticas envolvendo múltiplos atores globais.