Professor especialista em Enem transforma vidas ao aproximar alunos da universidade

A trajetória do professor e pesquisador Bruno Borges, de 35 anos, se confunde com o avanço da educação no Brasil após a obrigatoriedade da sociologia nas escolas e a consolidação do Enem como principal porta de entrada ao ensino superior. Nascido em Fortaleza e radicado em Brasília desde a infância, Bruno nunca imaginou que seguiria carreira na educação. Seu plano inicial era ser antropólogo como o irmão mais velho, mas tudo mudou quando, ainda no primeiro ano da graduação em ciências sociais na UnB, se inscreveu para dar aulas em um cursinho popular. A partir daí, nunca mais saiu da sala de aula.

Com o fortalecimento do ensino de sociologia, passou a trabalhar em escolas públicas e privadas do DF, aliando a docência à pesquisa acadêmica. Estudou a representação de gênero e raça nas questões do Enem e, no mestrado, analisou a queda de inscrições na prova, que despencaram de 9 milhões, em 2016, para 3,3 milhões, em 2021. Ele identificou nove variáveis responsáveis por essa redução, sendo as principais a perda do caráter certificador do Enem e o impacto da pandemia de covid-19.

Sua atuação vai além das aulas. Na escola particular onde atua, coordena o Serviço de Orientação ao Vestibular (SOV), e, na rede pública, lidera o projeto Guiando para o Futuro, que forma professores para oferecer a mesma mentoria em 93 escolas do DF. Sua missão é clara: mostrar aos jovens da rede pública que a universidade é um caminho possível. Muitos nem sabiam que a UnB era pública.

Bruno também vê reflexos do que construiu dentro de casa. Sua mãe, Sílvia, aposentada da Câmara dos Deputados, vai prestar o vestibular 60+ da UnB após participar do projeto Universidade do Envelhecer, com o sonho de atuar no serviço social. E enquanto aguarda a chegada do segundo filho com a também socióloga Thais, planeja seu próximo passo: o doutorado, com uma pesquisa sobre os 30 anos do PAS, programa pioneiro da UnB.

Com mais de uma década dedicada à educação, Bruno Borges coleciona ex-alunos que hoje são colegas de profissão e acredita que cada aluno orientado representa muito mais do que uma vaga conquistada. “É o projeto de vida deles, a história de uma família. Isso é o que torna tudo tão especial”, afirma. E conclui: “Cada ano letivo ainda parece inédito”.