EUA, Reino Unido e União Europeia impõem restrições a navios russos e complicam logística de exportação
As sanções impostas por Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia vêm impactando significativamente a chamada "frota sombra" da Rússia, composta por embarcações antigas e sem seguro utilizadas para driblar restrições comerciais. Em janeiro, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou 183 navios russos, enquanto os britânicos e o bloco europeu adicionaram mais 140 à lista. As medidas buscam enfraquecer a economia russa e reduzir os recursos disponíveis para financiar a guerra contra a Ucrânia, segundo informações do site Business Insider.
A frota sombra recorre a táticas como desligamento do sistema de identificação automática (AIS), falsificação de localização e transferências de carga entre embarcações para continuar operando. No entanto, além das sanções ocidentais, a Rússia enfrenta outro problema: um número crescente de países está cancelando os registros dessas embarcações. Somente Barbados e Panamá já descredenciaram mais de cem navios sancionados.
Sem uma bandeira válida, seguro e certificação de segurança, os petroleiros russos precisam mudar frequentemente de registro para operar em portos internacionais. “Isso é um jogo de ‘acertar o alvo’. Os navios da frota sombra da Rússia vão para qualquer bandeira aleatória que os aceite”, afirmou Ami Daniel, CEO da empresa de inteligência marítima Windward. Atualmente, os registros mais utilizados incluem Panamá, Libéria, Ilhas Marshall e Malta, mas alguns navios anteriormente registrados em Barbados já passaram para bandeiras da Tanzânia e São Tomé e Príncipe.
A medida visa impedir que Moscou continue exportando petróleo acima do teto de preço de US$ 60 por barril imposto pelo G7 desde dezembro de 2022. O analista de energia Petras Katinas destacou que a perda do direito de operar sob determinadas bandeiras reduz drasticamente a capacidade desses navios de acessar portos e serviços essenciais, como seguro marítimo.
A crescente repressão à frota sombra já afeta as finanças russas. Petróleo e gás são responsáveis por aproximadamente 30% do orçamento federal do país, segundo o vice-primeiro-ministro Alexander Novak. Em novembro, a receita russa com exportações de petróleo caiu em US$ 1,1 bilhão, totalizando US$ 14,6 bilhões, de acordo com a Escola de Economia de Kiev.
Além disso, as sanções elevaram os custos de transporte do petróleo russo, levando grandes compradores, como China e Índia, a reduzirem suas aquisições para março. Embora esses países continuem importando a commodity, as sanções secundárias dos EUA começam a influenciar suas decisões de compra, tornando o futuro da exportação de petróleo russo cada vez mais incerto.