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31/01/2025 00:00:00

Autoridades alertam para risco crescente de pandemia com avanço da gripe aviária

Autoridades alertam para risco crescente de pandemia com avanço da gripe aviária

Especialistas europeus detectaram mutações no vírus da gripe aviária que podem facilitar sua transmissão entre humanos e ressaltaram a necessidade de reforçar a vigilância global. O vírus tem se tornado mais adaptável e está atingindo não apenas aves, mas também mamíferos e espécies em zoológicos, aumentando o risco de uma possível pandemia, conforme alertaram agências europeias de segurança alimentar e prevenção de doenças nesta quarta-feira (29).

Mutações preocupantes e risco de disseminação

“Em 2024, os vírus da gripe aviária ampliaram seu alcance, infectando espécies antes não afetadas. Nosso estudo identificou mutações-chave associadas a uma possível transmissão para humanos, exigindo uma resposta rápida. A cooperação e o compartilhamento de informações entre todos os envolvidos continuam sendo essenciais para enfrentar essas emergências”, afirmou Bernhard Url, diretor executivo interino da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA).

Embora surtos do vírus sejam comuns entre aves selvagens e de criação, como frangos, já foram registradas infecções em mamíferos, incluindo focas e gado leiteiro nos Estados Unidos, segundo o site Politico. Apesar disso, as infecções humanas ainda são limitadas, com casos isolados no Reino Unido e 67 nos EUA, incluindo uma morte.

O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) avalia que o risco para a população em geral segue baixo, mas pode ser moderado entre profissionais que lidam diretamente com animais infectados. Entretanto, se a transmissão sustentada entre humanos for confirmada, a situação mudaria significativamente, segundo Edoardo Colzani, chefe da área de vírus respiratórios do ECDC.

Monitoramento genético e possíveis cenários

As agências europeias já identificaram 34 mutações genéticas que facilitam a transmissão do vírus de animais para humanos, além de favorecer sua replicação em pessoas – um fator crítico para a disseminação sustentada entre humanos.

De acordo com Alessandro Broglia, cientista sênior da EFSA, essas mutações ainda ocorrem esporadicamente, mas não são inéditas. Entre 27 mil sequências analisadas, 144 apresentaram características compatíveis com a transmissão humana, principalmente na Ásia e na África, sem registros na Europa até o momento.

Broglia também destacou que não apenas os vírus altamente patogênicos adquiriram essas mutações, mas também variantes menos agressivas, que podem circular entre humanos e sofrer alterações ao longo do tempo, tornando-se mais perigosas. Esse cenário reforça a necessidade de vigilância contínua sobre todas as linhagens do vírus.

A adaptação do vírus da gripe aviária para mamíferos ocorre tanto por mutações genéticas quanto pela troca de material genético entre diferentes vírus. O contato entre aves de criação, animais silvestres, gado e humanos facilita esse processo.

Infecções em humanos e riscos futuros

No último ano, quase 100 casos humanos foram registrados, especialmente entre trabalhadores expostos a animais infectados. Segundo Colzani, seria uma prática recomendada testar essas pessoas mesmo na ausência de sintomas, a fim de identificar transmissões silenciosas.

Uma das principais preocupações dos especialistas é a possibilidade de recombinação entre o vírus da gripe aviária e os vírus da gripe humana, o que poderia resultar em uma nova cepa com alto potencial pandêmico. Para mitigar esse risco, Colzani sugeriu que trabalhadores expostos a animais sejam vacinados contra a gripe sazonal.

Apesar da circulação global da gripe aviária, a escassez de dados laboratoriais em diversas regiões do mundo dificulta a resposta preventiva. “Sabemos pouco sobre a situação em grande parte da Ásia e da África, o que representa um grande problema. Não temos ideia do que pode estar emergindo nessas áreas”, alertou Broglia, ressaltando a importância de ampliar a capacidade de monitoramento.

Além de fortalecer a vigilância global, especialistas defendem a padronização das informações genéticas do vírus e dos metadados associados, medida fundamental para prevenir uma possível crise sanitária.

“Os acontecimentos globais exigem que permaneçamos vigilantes e preparados para responder à ameaça da gripe aviária”, afirmou Pamela Rendi-Wagner, diretora do ECDC. “Ter planos de preparação robustos é essencial para proteger a saúde pública.”

 



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