A Ucrânia, gravemente impactada por quase três anos de invasão russa, está planejando medidas para incentivar o retorno de refugiados que se estabeleceram na Alemanha. Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, mais de 1,1 milhão de ucranianos buscaram refúgio na maior economia da União Europeia.
O vice-primeiro-ministro ucraniano, Oleksiy Chernyshov, anunciou que o país abrirá centros em Berlim, seguidos por outras cidades alemãs, para auxiliar no retorno dos refugiados. Esses centros terão como objetivo ajudar os cidadãos ucranianos a encontrar moradia e capacitação profissional.
Chernyshov, que também lidera o recém-criado Ministério da Unidade Nacional, ressaltou que muitos ucranianos estão considerando seriamente voltar ao país. O governo destaca a necessidade de mão de obra em setores estratégicos como defesa, energia e reconstrução da infraestrutura.
A população da Ucrânia encolheu drasticamente nas últimas décadas, passando de 52 milhões em 1991, ano da dissolução da União Soviética, para cerca de 32 milhões atualmente nas áreas sob controle de Kiev. O governo estima que entre 20 e 25 milhões de ucranianos vivem no exterior.
Além da falta de mão de obra, o país também enfrenta escassez de reservistas militares. Em abril de 2024, o governo suspendeu serviços consulares para homens vivendo no exterior, numa tentativa de incentivá-los a retornar e integrar o Exército.
O governo ucraniano promete dispensar do serviço militar aqueles que trabalharem nos setores de reconstrução, energia e defesa. Ao mesmo tempo, os centros de apoio na Alemanha também auxiliarão ucranianos que decidirem permanecer, ajudando-os a encontrar empregos ou capacitação, para que não dependam do sistema de assistência social alemão.
Segundo dados do governo alemão, em junho de 2024, cerca de 717 mil refugiados ucranianos recebiam o benefício social Bürgergeld, sendo 212 mil fora da idade de trabalho, incluindo crianças. Apesar disso, quase 27% dos refugiados conseguiram empregos no país.
Embora o plano ucraniano traga incentivos, ele enfrenta desafios significativos. Muitos refugiados ainda consideram incerto o futuro no país devido à instabilidade causada pela guerra. A reconstrução econômica e a segurança são aspectos cruciais que Kiev precisa abordar para convencer mais cidadãos a retornarem.