Donald Trump retorna à presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20) e promete iniciar o mandato com uma série de medidas que podem reverberar globalmente. Entre elas, algumas têm o potencial de impactar diretamente o Brasil, abrangendo comércio internacional, meio ambiente, política migratória e relações diplomáticas.
Tarifas comerciais e os efeitos sobre o dólar
A política tarifária de Trump já demonstrou sua força durante o primeiro mandato, e o republicano reafirmou sua intenção de impor tarifas de até 100% sobre produtos de países integrantes do Brics, incluindo o Brasil. Essas medidas, caso aplicadas, devem aumentar a volatilidade cambial, fortalecer o dólar frente ao real e pressionar a inflação brasileira. Essa dinâmica impacta diretamente a economia, podendo desacelerar o crescimento e aumentar os custos de importação.
O Brasil, no entanto, não é um alvo direto devido à sua balança comercial desfavorável com os EUA e à ausência de um acordo de livre comércio. Apesar disso, a postura protecionista americana gera incertezas que afetam investidores e o comércio global, com repercussões significativas para economias emergentes.
Deportações em massa e consequências para brasileiros
Trump fez da imigração uma bandeira política e promete implementar as maiores deportações da história recente dos EUA. Com cerca de 230 mil brasileiros vivendo em situação irregular no país, a política migratória do republicano pode ter impactos profundos para comunidades como Governador Valadares, tradicional polo de imigração brasileira. Além disso, existe a possibilidade de os EUA pressionarem o Brasil a receber imigrantes de outras nacionalidades, como haitianos.
Pressão sobre o STF e redes sociais
Trump retorna ao poder com aliados poderosos no setor tecnológico, como Elon Musk e Mark Zuckerberg, que criticaram decisões do STF brasileiro relacionadas à regulação de redes sociais. Essa aliança pode intensificar a pressão sobre o Judiciário brasileiro, especialmente nas questões envolvendo liberdade de expressão e combate à desinformação. Há também especulações sobre a possibilidade de sanções diplomáticas, como o cancelamento de vistos de ministros do STF, caso as tensões aumentem.
Política ambiental e a Amazônia
A retirada dos EUA do Acordo de Paris, defendida por Trump, enfraquece os esforços globais de combate às mudanças climáticas. Embora a Amazônia ainda não seja uma prioridade na agenda do republicano, especialistas apontam oportunidades de cooperação entre Brasil e EUA em setores como energias renováveis e mineração, dada a riqueza de recursos estratégicos brasileiros. Por outro lado, a postura negacionista de Trump em relação ao aquecimento global pode limitar os avanços no financiamento internacional para preservação ambiental.
Influência de Trump na política brasileira
A relação próxima entre Trump e Jair Bolsonaro, mesmo com o ex-presidente brasileiro impedido de disputar eleições até 2030, pode influenciar a política doméstica. Bolsonaro chegou a ser convidado para a posse de Trump, mas foi impedido pela Justiça de viajar. A retórica trumpista, entretanto, continua a inspirar movimentos políticos alinhados com o conservadorismo no Brasil, aumentando a polarização.
Reflexos na geopolítica e no Brasil
A volta de Trump ao poder traz desafios para o Brasil, especialmente em temas como comércio, meio ambiente e política migratória. Analistas destacam a necessidade de o governo brasileiro adotar uma abordagem pragmática para mitigar impactos negativos e explorar possíveis oportunidades de cooperação. A relação entre os dois países será marcada por tensões e interesses estratégicos divergentes, exigindo um equilíbrio diplomático para preservar os interesses nacionais em meio ao cenário internacional turbulento.