O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental, liderando o ranking de ansiedade e depressão na América Latina. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 19 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade. Uma pesquisa da Doctoralia apontou um aumento expressivo na busca por profissionais de saúde mental em 2023, com agendamentos com psicólogos crescendo 89% e a procura por psiquiatras subindo 41%.
Escassez de especialistas em saúde mental preocupa
Apesar do aumento na demanda, o país sofre com a falta de especialistas em psiquiatria. Segundo a Demografia Médica, há apenas 0,83 psiquiatra para cada 100 mil habitantes, uma proporção muito inferior aos 2,81 médicos gerais por 100 mil habitantes. Essa carência agrava a situação diante do aumento dos casos de ansiedade e depressão.
Descompasso entre médicos formados e vagas em residência médica
Entre 2018 e 2024, o número de estudantes de medicina cresceu 71%, enquanto as vagas em residência médica aumentaram apenas 26%. Em 2024, mais de 11 mil médicos recém-formados ficaram sem acesso à residência de entrada direta, limitando a formação de novos especialistas.
Normas do CFM restringem reconhecimento de especialistas
A exigência do Conselho Federal de Medicina (CFM) de que apenas médicos que concluam residência médica sejam reconhecidos como especialistas exclui milhares de profissionais com pós-graduação ou doutorado em psiquiatria, ampliando a crise de especialistas no país.
ABRAMEPO defende ampliação de formação de especialistas
A Associação Brasileira dos Médicos com Expertise em Pós-Graduação (ABRAMEPO) propõe a ampliação de programas de especialização gerenciados pelo Ministério da Educação (MEC) e Ministério da Saúde. Eduardo Teixeira, presidente da ABRAMEPO, destaca a necessidade de atualizar as regras do CFM e ampliar as oportunidades para a formação de especialistas.
Impactos da crise de saúde mental no Brasil
A escassez de psiquiatras compromete o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), aumenta o número de transtornos mentais não tratados e gera sobrecarga no sistema público. Além disso, a crise tem impacto econômico significativo, com redução da produtividade e aumento das comorbidades associadas.
MEC e Ministério da Saúde precisam agir com urgência
O Ministério da Educação e o Ministério da Saúde são chamados a liderar a expansão de programas de especialização, implementar políticas para incentivar médicos recém-formados a se especializarem e garantir que o sistema de saúde brasileiro esteja preparado para enfrentar os desafios da saúde mental.
A saúde mental como prioridade de saúde pública
Reconhecer a saúde mental como uma prioridade e implementar soluções eficazes são passos fundamentais para enfrentar a epidemia de ansiedade e depressão no Brasil. A formação de mais especialistas é urgente para atender às necessidades da população e mitigar os impactos da crise.