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Tuberculose conta com testes que tornam seu diagnóstico mais rápido e preciso

Tuberculose conta com testes que tornam seu diagnóstico mais rápido e preciso

A Organização Mundial da Saúde (OMS) concedeu pré-qualificação ao teste de diagnóstico molecular Xpert® MTB/RIF Ultra, o primeiro a atender padrões de pré-qualificação para detecção da tuberculose e teste de suscetibilidade a antibióticos. Essa doença é uma das principais infecções globais, responsável por mais de 1 milhão de mortes anuais, segundo a OMS. A detecção precoce e precisa, especialmente de cepas resistentes a medicamentos, é essencial para o controle da doença, que causa grandes impactos socioeconômicos, sobretudo em países de baixa e média renda.

O médico infectologista Marcelo Litvoc, coordenador do Ambulatório de Tuberculose do Hospital das Clínicas da USP, destaca que vários critérios tornam a tuberculose uma doença de notificação compulsória. Entre eles estão os parâmetros microbiológicos, moleculares, radiológicos, histológicos, clínicos e epidemiológicos. “O médico deve notificar o caso às autoridades municipais, estaduais e ao Programa Nacional de Tuberculose”, explica. No Brasil, o tratamento é totalmente fornecido pelo Ministério da Saúde e distribuído por unidades básicas e estaduais.

Avanços no diagnóstico com os testes rápidos moleculares (TRM)

Os testes rápidos moleculares (TRM) representam um avanço no diagnóstico da tuberculose. Segundo Litvoc, esses testes proporcionam resultados em cerca de 1 hora e 45 minutos, enquanto culturas tradicionais podem levar até 45 dias. “Esse tempo reduzido é crucial, pois muitos pacientes enfrentam atrasos significativos no diagnóstico, contribuindo para a transmissão da doença”, explica o especialista.

O TRM utiliza a amplificação do DNA da Mycobacterium tuberculosis, o que garante maior precisão. Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), ele possibilita respostas rápidas, especialmente em casos suspeitos com sintomas como febre no fim da tarde, sudorese noturna, perda de peso e tosse persistente por mais de três semanas.

Nos casos mais complexos, outros exames complementares e culturas de secreções respiratórias ainda são necessários, mas o TRM facilita uma triagem inicial mais ágil e eficiente.

Tratamento supervisionado como estratégia de controle

O tratamento supervisionado, ou DOT (Directly Observed Therapy), é essencial para garantir a recuperação do paciente. Nesse modelo, o paciente comparece regularmente à unidade de saúde para acompanhamento, o que reduz o risco de abandono do tratamento, recaídas e desenvolvimento de resistência. “Os agentes de saúde têm um papel crucial em assegurar que o tratamento de seis meses seja concluído com sucesso”, afirma Litvoc.

Apesar do progresso, o especialista destaca falhas no diagnóstico e na detecção de casos. “Precisamos testar mais suspeitos e enviar mais amostras para cultura, permitindo identificar perfis de resistência”, alerta.

A tuberculose e seus desafios persistentes

Causada pela Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é transmitida principalmente por secreções respiratórias de pessoas com tuberculose pulmonar. A forma mais comum da doença é a pulmonar, correspondendo a cerca de 85% dos casos, mas pode atingir outras áreas, como gânglios linfáticos, pleura e outros órgãos.

Em 2023, foram registrados no Brasil cerca de 80.012 casos e 5.845 óbitos relacionados à tuberculose. Apesar de existir tratamento eficaz e cura para a doença, sua incidência permanece alta, especialmente entre populações vulneráveis, como pessoas com HIV não tratadas.

“A incidência no Brasil é de 37 casos por 100 mil habitantes, com uma mortalidade de 2,38 por 100 mil. Esse índice, para uma doença tratável e curável, é preocupante. O controle precisa ser aprimorado em todo o território nacional”, conclui Litvoc.

O impacto da pandemia de covid-19 também comprometeu o plano global de redução da incidência da tuberculose, ressaltando a necessidade de esforços coordenados para melhorar o diagnóstico, tratamento e prevenção dessa enfermidade.



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