Líderes da União Europeia (UE) estão discutindo estratégias para fortalecer o apoio à Ucrânia em meio a um possível período de incertezas após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Durante uma cúpula na última quinta-feira (19/12), o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, enfatizou a necessidade de uma "voz unida" da Europa que também esteja alinhada aos Estados Unidos.
A UE, juntamente com aliados ocidentais, já investiu mais de 100 bilhões de euros (R$ 641 bilhões) em ajuda militar e econômica à Ucrânia desde o início da invasão russa, há quase três anos. No entanto, o retorno de Trump à Casa Branca, previsto para janeiro, pode impactar significativamente as relações transatlânticas e o apoio ocidental a Kiev.
Trump já indicou que pretende reduzir o suporte à Ucrânia e sugeriu que o país deveria ceder territórios ocupados pela Rússia, algo que Kiev rejeita categoricamente. Zelenski, por sua vez, expressou cautela ao abordar o futuro governo dos EUA, afirmando que espera manter Trump "do nosso lado".
Estudos do Instituto Kiel para a Economia Global apontam que, sem novos pacotes de ajuda americana, o apoio militar ocidental à Ucrânia pode cair de 59 bilhões de euros para 34 bilhões de euros (de R$ 378 bilhões para R$ 218 bilhões).
A União Europeia também discute formas de garantir a segurança da Ucrânia a longo prazo. O presidente francês Emmanuel Macron cogitou o envio de tropas europeias para atuar como força de manutenção da paz após o conflito. No entanto, líderes como Olaf Scholz, da Alemanha, e Donald Tusk, da Polônia, consideram essas discussões prematuras.
Zelenski reforçou que a adesão à Otan é a única garantia real de segurança para a Ucrânia. Enquanto isso, ele defende negociações com os EUA e a Europa para obter garantias de segurança no período em que o país ainda não for membro da aliança.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, mais alinhado a Vladimir Putin, propôs um cessar-fogo até o Natal, mas a ideia foi rejeitada por Zelenski. O chanceler Olaf Scholz enfatizou que o apoio contínuo à Ucrânia é essencial para evitar uma escalada do conflito em direção a uma guerra entre Rússia e Otan.
Especialistas alertam que a UE deve estar preparada para intensificar sua política de segurança diante das possíveis mudanças nos Estados Unidos. O historiador Timothy Garton Ash destacou que, caso a Europa não assuma uma postura mais proativa, tanto a Ucrânia quanto o continente europeu podem enfrentar sérias consequências.
Em nota oficial, a UE reafirmou seu "compromisso inabalável" de continuar oferecendo suporte político, financeiro, militar e humanitário à Ucrânia, enquanto analistas apontam que os próximos meses serão decisivos para o futuro da segurança europeia e da resistência ucraniana.