O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, afirmou na quinta-feira, após uma reunião em Bruxelas, que a Ucrânia encerrará o trânsito de gás russo pelo seu território no final deste ano. A medida também proíbe o transporte de gás russo reclassificado como proveniente do Azerbaijão, uma prática que Zelenskyy criticou como “enganosa” e benéfica para os cofres do Kremlin.
Impacto na Eslováquia e dependência energética
A decisão afeta diretamente a Eslováquia, que depende de três bilhões de metros cúbicos de gás russo anualmente, fornecidos pela Gazprom, para atender à maior parte de sua demanda interna. O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, já havia demonstrado preocupação com a possível interrupção do fornecimento e busca alternativas, como o Azerbaijão. No entanto, acordos com o país são controversos devido a críticas sobre sua postura em direitos humanos.
Proibição e proposta de exceção
Zelenskyy justificou a medida como uma forma de impedir que a Rússia continue lucrando com a guerra, destacando que “não podemos permitir que a Rússia ganhe bilhões à custa do nosso sangue”. Ele propôs uma exceção: o trânsito de gás seria permitido apenas se os compradores europeus concordassem em não pagar à Rússia até o fim do conflito, algo que poderia levar a quebra de contratos e suspensão dos serviços pela Gazprom.
Repercussões econômicas e diplomáticas
A interrupção do trânsito pode custar à Ucrânia 0,5% do PIB, segundo estimativas do Bruegel, e aumentar os custos de gás para a Eslováquia em 150 milhões de euros. A decisão também agrava as relações entre Kiev e Bratislava, já tensas desde o retorno de Fico ao poder, alinhando-se a uma posição cética sobre o apoio militar à Ucrânia, semelhante à postura do líder húngaro Viktor Orbán.
Busca por soluções na Europa
Bratislava intensifica esforços diplomáticos junto à Comissão Europeia para garantir o fornecimento de gás em 2025, enquanto outros países, como Áustria e Hungria, também podem ser impactados pela interrupção. O chanceler austríaco, Karl Nehammer, já tomou medidas como o cancelamento de contratos de longo prazo com a Gazprom após cortes de fornecimento.