09/12/2025 12:24:11

Atualidade
19/12/2024 16:00:00

Novo advogado de Braga Netto descarta delação e nega acusações

Novo advogado de Braga Netto descarta delação e nega acusações

Quatro dias após a prisão do general Walter Braga Netto no âmbito do inquérito do golpe, o criminalista José Luís Oliveira Lima assumiu sua defesa. Em entrevista, o advogado afirmou que a substituição da defesa não está relacionada a qualquer negociação de delação premiada. “O general não praticou crime algum, portanto não fará colaboração”, declarou.

Oliveira Lima também afirmou que Braga Netto não tem como implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro ou outros investigados, pois, segundo ele, o general não teve envolvimento no plano de golpe. “O general Braga Netto é um democrata, não participou de nenhuma reunião golpista”, defendeu o advogado, após visitar o general no Comando da 1.ª Divisão de Exército, na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro. Braga Netto, de acordo com sua defesa, teria ficado surpreso e indignado com a prisão. A estratégia inicial será solicitar o depoimento do general para esclarecer pontos considerados importantes.

A prisão preventiva de Braga Netto foi decretada sob a acusação de obstruir as investigações sobre o plano de golpe. Segundo a Polícia Federal (PF), ele teria tentado obter informações sigilosas da delação do tenente-coronel Mauro Cid para repassá-las a outros investigados, além de ter alinhado versões com aliados. A defesa nega tais interferências e afirma que as acusações baseiam-se exclusivamente nas declarações de Mauro Cid, classificado pelo advogado como um “delator com credibilidade zero”.

A PF também acusa Braga Netto de financiar ações de oficiais das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, com o objetivo de assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin em 2022. Mauro Cid, em delação, teria afirmado que o general entregou recursos em uma sacola de vinho para os golpistas. Oliveira Lima rebateu: “Essa acusação é uma mentira. O general nunca entregou dinheiro para financiar qualquer plano. É no mínimo curioso que, após oito meses, o colaborador, que já mudou de versão várias vezes, agora traga essa fantasia.”

Braga Netto é um dos 40 indiciados pela PF pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado de Direito. Ele foi citado 98 vezes no relatório do inquérito como uma figura central do plano golpista. A investigação também revelou documentos apreendidos que sugerem sua participação em pressões ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, para apoiar o golpe.

Apesar das acusações, a defesa afirma que o general mantém esperanças de provar sua inocência. “Ele quer esclarecer os fatos o mais rápido possível”, concluiu Oliveira Lima.