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Acidente
28/09/2024 14:00:00

Especialistas destacam desafios para uma comunicação segura sobre suicídio

Especialistas destacam desafios para uma comunicação segura sobre suicídio

Fonte: Agência Câmara de Notícias

A Frente Parlamentar Mista de Promoção da Saúde Mental promoveu nesta quinta-feira (26), na Câmara dos Deputados, uma série de conferências sobre os desafios da comunicação segura sobre o suicídio.


O presidente da Frente, deputado Pedro Campos (PSB-EP), enfatizou que o mundo passa por uma crise de saúde mental. O MP indicou que entre as prioridades da Frente estão os projetos de lei que prevêem medidas de combate ao suicídio entre crianças e adolescentes (PL 1773/22) e a promoção da saúde mental entre os profissionais de saúde (PL 4724/23). “Nova legislação que pode garantir a saúde mental e prevenir o suicídio”.

A fundadora do Instituto Vita, Karen Scavacini, defende que a mídia trate esse assunto com mais sensibilidade. Ele também foi diretor científico da Sociedade Brasileira de Estudo e Prevenção do Suicídio e cita como mau exemplo a capa de uma famosa revista que se intitulava “A atriz que morreu por amor”. O especialista alertou para o perigo de uma história como essa se tornar viral devido à romantização da atualidade.


Karen listou os erros cometidos pela publicação na abordagem do problema: colocar a foto da celebridade na capa e publicar a carta de despedida endereçada à revista. “O suicídio de celebridades é frequentemente objecto de intensa atenção mediática e quanto mais uma pessoa vulnerável se identifica com o seu ídolo, maior é a probabilidade de ser influenciada a fazer o mesmo”, alertou.


Entre as recomendações do especialista para publicar informações sobre suicídio estão: não abordar o tema na primeira página, nem usar a palavra suicídio no título, nem usar imagens e fornecer detalhes; nunca use fotos grandes, principalmente se a pessoa que comete o suicídio for jovem e bonita; e não publicar cartas de despedida, para não servir de exemplo.


Porém, acredito que vale a pena apresentar histórias de superação e histórias de famosos que já pensaram em acabar com a vida ou que já perderam alguém. Outra sugestão de Karen é que o boletim de suicídio priorize entrevistas com especialistas em vez de policiais e socorristas e, sempre que possível, informe onde a pessoa pode procurar ajuda, como Centro de Valorização da Vida, cvv.org.br ou por telefone . 188.


Página


Os usuários da Internet têm um papel ainda mais importante, segundo Karen Scavacini. Os internautas, segundo ela, costumam ser os maiores distribuidores desse tipo de informação. Ela recomenda nunca compartilhar cenas, vídeos ou detalhes sobre o suicídio.
Dados do Ipea, coletados entre 1980 e 2009, mostram que a mídia foi a terceira causa de suicídio, depois do desemprego e da violência. A pesquisa mostra que um aumento de 1% na cobertura da mídia sobre o tema representa um aumento de 5,34% na taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos.


Mas isso não significa que o tema não deva ser discutido. “Porque quando ensinamos as pessoas a falar abertamente e bem, de forma segura, também podemos ajudar a reduzir o número de casos”, reflete Karen.


Na internet, segundo o especialista, as pessoas podem ajudar a prevenir o suicídio. “Não adianta encerrar esse assunto, que ainda é muito tabu, porque não vamos ajudar as pessoas sem conversar. Podemos mostrar-lhe os sinais e onde pedir ajuda”, acrescentou.

Redes sociais


Redes Cordiais, diretora de Relações Institucionais, Gabriela de Almeida, afirma que é importante ficar atento ao tempo gasto consumindo as redes sociais, equilibrando o tempo online e entendendo como o conteúdo afeta a saúde mental.


“Um uso equilibrado é aquele em que não ficamos muito reféns. Cancelar o máximo de notificações possível ajudará a ter uma relação mais saudável com as redes sociais e a Internet”, sugeriu.


Prevenção


A Lei 13.819/19 instituiu a Política Nacional de Prevenção de Automutilação e Suicídio e o Decreto 2.493/20 instituiu o Comitê Gestor da Política Nacional de Prevenção de Automutilação e Suicídio.


Naísa Sá, coordenadora geral de monitoramento e prevenção de violências e acidentes e promoção da cultura de paz no Ministério da Saúde, considerou o debate importante para embasar os novos documentos ministeriais que serão realizados futuramente “Repensar nossas formas de agir e comunicar sobre prevenção ao suicídio e vamos conversar o ano todo, não apenas no Setembro Amarelo”.

As conferências sobre este tema estarão disponíveis no site da Frente Parlamentar Mista para a Promoção da Saúde Mental.