"Nossa tarefa é informar aos cidadãos da Federação Russa de que eles estão sendo governados por um presidente ilegítimo", diz o comandante do "Corpo de Voluntários Russos", Denis Nikitin, em um vídeo que teria sido gravado em um carro blindado de fabricação russa. Nesta terça-feira (12/03), combatentes dessas unidades informaram que haviam cruzado a fronteira com as regiões de Belgorod e Kursk, na Rússia. Eles dispararam contra soldados russos e capturaram equipamentos militares inimigos.
Isso significa que não apenas os ucranianos, mas também os russos estão lutando contra a Rússia ao lado de Kiev. Eles se autodenominam "Corpo de Voluntários Russos", "Batalhão Siberiano" ou legião "Liberdade da Rússia". O serviço secreto russo FSB negou esses relatos e, em vez disso, informou a morte de mais de 100 sabotadores que supostamente tentaram entrar em território russo.
A legião "Liberdade da Rússia" é conhecida no mais tardar desde o início de abril de 2022. Ela foi supostamente formada por soldados russos capturados que passaram para o lado ucraniano – e também por voluntários com passaporte russo.
Eles são cerca de 500 homens, de acordo com Ilya Ponomaryov, ex-membro da Duma (câmara baixa do Parlamento russo) que agora vive no exílio e representa a unidade. Em 2014, ele foi o único a votar contra a anexação da península ucraniana da Crimeia.
A outra unidade, o "Corpo de Voluntários Russos", foi formada em agosto do ano passado. Seu contingente é mantido em segredo. No entanto, um combatente com o codinome "Cardinal", cuja identificação militar foi apresentada à DW, diz que ela desempenha as funções de uma companhia.
Uma companhia consiste de 30 a 150 homens. O cofundador da unidade, o empresário Denis Kapustin, com o pseudônimo Denis Nikitin, conhecido da direita radical russa, informou no final do ano passado que o "Corpo de Voluntários Russos" foi destacado para o Exército ucraniano desde o outono de 2022.
Recentemente, outra unidade, chamada "Batalhão Siberiano", tem lutado pela Ucrânia. De acordo com a mídia ucraniana, a maioria dos combatentes vem da Sibéria e do extremo oriente da Rússia. A existência de tal batalhão foi confirmada pelo ex-oficial do Exército russo Vladislav Amosov.
Nas redes sociais, o "Corpo de Voluntários Russos" afirma que todos os membros têm opiniões conservadoras de direita. Por exemplo, o combatente "Cardeal" vê a futura Rússia como um "Estado-nação genuíno de russos nos territórios russos originais – levando em conta a integridade territorial da Ucrânia e de Belarus, assim como dos países vizinhos". Ele enfatiza: "Queremos estabelecer um Estado para os russos que queira viver em paz com todas as nações vizinhas".
Os membros da legião "Liberdade da Rússia", por outro lado, não expressam suas opiniões políticas publicamente. Ilya Ponomaryov ressalta que não existe uma ideologia dominante na unidade. "É o protótipo do futuro Exército da Federação Russa", diz ele, acrescentando que sua vantagem é que não é nem de esquerda nem de direita, nem liberal nem conservadora. "A ideia de resistir à agressão da Rússia une seus membros", diz Ponomaryov.
O "Corpo de Voluntários Russos" pertence ao "Conselho Civil", uma nova associação de emigrantes russos fundada em Varsóvia, capital da Polônia. Anastasia Sergeyeva, que é responsável por questões internacionais nessa associação, dirigia até recentemente a fundação polonesa "Por uma Rússia Livre".
Ela diz que o "Conselho Civil" também inclui ativistas de repúblicas da Federação Russa e que eles são a favor do direito de autodeterminação de seus povos. O "Conselho Civil" publicou mensagens em vídeo no YouTube para chechenos e circassianos, os conclamando a lutar pela Ucrânia e pela independência de suas repúblicas. Sergeyeva está buscando doações privadas para financiar o trabalho do "Conselho Civil" e o treinamento de novos combatentes.
O representante da legião "Liberdade da Rússia", Ilya Ponomaryov, disse à DW no final de 2022 que havia conversado com representantes de vários países e da mídia sobre cooperação. Em contraste com o "Corpo de Voluntários Russos", que permitiria que regiões se separem da Federação Russa, a Legião declara que seu objetivo é "preservar uma Rússia unida e indivisível dentro das fronteiras de 1991". Entretanto, as regiões devem receber poderes de longo alcance e sua identidade étnica deve ser preservada. A Legião também coleta dinheiro para seu trabalho – em criptomoeda.