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Mundo
13/12/2023 18:00:00

COP28 chega ao fim mirando transição da era do petróleo

Conferência do Clima de Dubai indica 2050 como o ano em que países pretendem compensar todas as emissões de gases de efeito estufa

COP28 chega ao fim mirando transição da era do petróleo

Depois de adentrar uma madrugada a mais que o previsto, a Conferência do Clima da ONU de Dubai, COP28, foi encerrada nesta quarta-feira (13/12). O documento final toca no ponto que gerou a maior tensão desta rodada: a transição da era dos combustíveis fósseis, principais causadores das mudanças climáticas.

O texto final evitou falar explicitamente sobre "eliminação" de petróleo,gás e carvão, mas estabeleceu como limite o ano de 2050 para zerar as emissões líquidas do setor, o que deve ser feito por meio de uma transição acelerada nesta década, segundo o documento.

A versão foi considerada um avanço em relação ao rascunho anterior apresentado um dia antes pela presidência da COP – e que levantou uma onda de protestos entre negociadores. A liderança desta edição esteve nas mãos de Sultan Al-Jaber, que também é chefe petroleiro no país sede, os Emirados Árabes Unidos.

Mesmo com o texto aprovado, Samoa, um país insular duramente afetado pela elevação do nível do mar causado pelas mudanças climáticas, protestou. Segundo a negociadora-chefe, Anne Rasmussen, a decisão final fora tomada sem a presença de 39 lideranças reunidas na Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês). A porta-voz do grupo teria se atrasado para a votação por estar finalizando um posicionamento com as demais nações.

"Não vemos qualquer compromisso ou mesmo um convite das partes para atingir o pico de emissões até 2025”, criticou Rasmussen em seu discurso na plenária final. Para a negociadora, o documento não leva a ciência ao deixar de fora esse limite, o que é visto como uma questão de vida ou morte para esses pequenos países.

No encerramento, Marina Silva, ministra brasileira de Meio Ambiente, chamou a atenção das nações mais ricas, aquelas que, historicamente, mais contribuíram com as emissões de gases de efeito estufa.

"É fundamental que os países desenvolvidos tomem a dianteira na transição rumo ao fim dos combustíveis fósseis e assegurem os meios necessários para os países em desenvolvimento poderem implementar suas ações de mitigação e adaptação”, declarou na plenária final.

Para a rede de organizações da sociedade civil brasileira que acompanhou o embate até o último dia em Dubai, a COP28 deu um passo inédito no universo das negociações climáticas e mandou uma mensagem à indústria do petróleo.

"Porém apenas palavras não vão mudar a realidade da crise que estamos atravessando. Fora desta conferência, as ações concretas continuam em direção oposta, com projetos de incremento do uso e exploração de combustíveis fósseis”, declara à DW Márcio Astrini, diretor-executivo do Observatório do Clima.