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Educação
30/10/2023 21:00:00

A uma semana do Enem, professor e psicólogas falam sobre como reduzir nervosismo e aumentar concentração

A uma semana do Enem, professor e psicólogas falam sobre como reduzir nervosismo e aumentar concentração

No próximo domingo (05/11), estudantes de todo o Brasil participam do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta semana que antecede o vestibular, é comum que os alunos tenham sentimentos negativos, como insegurança, nervosismo e medo do dia da prova.

O Cada Minuto conversou com profissionais, que explicaram que é importante manter a calma e entender que se trata de um momento de transição, que traz muitas mudanças e novidades.

A psicopedagoga clínica Verônica Wolff aponta que é imprescindível aprender a controlar os quadros ansiosos para evitar que a autocobrança e a expectativa por resultados extraordinários comprometam a realização da prova. Ela também fala sobre a importância do apoio familiar nesta etapa.

Foto: Cortesia

“Nossa ansiedade surge geralmente em situações que geram muita expectativa. Para os jovens, este momento do vestibular é algo muito esperado”, explica a psicopedagoga.

Verônica ressalta a necessidade do apoio familiar na reta final e na semana entre as provas para incentivar e reduzir o sentimento de impotência do vestibulando. “A família deve estar muito junto com estes jovens e buscar alternativas que fortaleçam a saúde mental deles, mostrando que se desta vez não alcançarem o esperado, novas oportunidades virão”.

A coordenadora defende que a transição entre ensino médio e ensino superior pode gerar quadros de ansiedade devido às expectativas criadas e o medo da mudança.

“Carregamos vícios ainda do ensino médio, mas quando conseguimos terminar a fase do ENEM e entramos no ensino superior nos deparamos com uma realidade totalmente diferente, nos dá uma sensação de ‘E agora?’”, pontua a psicopedagoga.

Novas responsabilidades

A psicóloga Natasha Taques comentou que é natural sentir o receio de não alcançar as metas, especialmente quando há implicações ao futuro profissional. “Os jovens têm ainda uma maior possibilidade de sofrerem com as expectativas, seja por questões hormonais, fisiológicas relacionadas à própria fase do desenvolvimento ou seja por questões psicológicas relacionadas à busca de aprovação familiar, social, ou medo do futuro que pode parecer muito desafiador nessa fase da vida cheia de novas responsabilidades”, disse.

Ela avalia que o Enem é um processo que causa ansiedade, por ser uma única prova anual, extensa, com hora de entrar e sair, regras rígidas que definem até o tipo de material que será usado no dia da aplicação. 

Para Natasha, é de suma importância que os estudantes evitem se comparar com os demais colegas: “Isso não ajudará em nada, muitos candidatos extremamente capazes perdem por estarem psicologicamente abalados. Após a primeira etapa, saia descanse,  faça algo que goste, e se perdoe se achar que não foi tão bem como gostaria, pense que a segunda é uma segunda oportunidade de alcançar o que deseja”.

Estratégia e apoio

Foto: Cortesia

O professor Thalles Barros, que trabalha com alunos que vão cursar diversos vestibulares, define o Enem como uma prova de estratégia e resistência. Ele aponta que, nessa reta final, muitos alunos acabam se sobrecarregando de conteúdo, tentando absorver tudo aquilo que não absorveram ao longo da jornada, mas que esse não é o ideal a se fazer.

“O que eles deveriam fazer agora? Dar uma olhada nos conteúdos mais pertinentes por área, fazer uma análise dos conteúdos e pontuar os que eles teriam maior dificuldade, focando neles. Além disso, é importante pensar em estratégias de prova. Pensar, por exemplo, a TRI [Teoria de Resposta ao Item], como ela funciona, quais as áreas que fazem com que minha nota suba muito, que tipo de questão eleva ou abaixa minha nota”, exemplificou. 

Ele aponta que é importante que, nessa reta final, o vestibulando pense em estratégias para a prova, para fazer com que essas semanas sejam produtivas, e não de sobrecarga, porque o ritmo de estudos já é acelerado desde o início do ano. “Se ele chega agora nessa reta final e intensifica essa carga de questões, certamente vai sofrer um estresse muito intenso e pode até mesmo colocar em risco a própria aprovação”, alertou.

Thalles conta que sempre estimula os alunos a aprender a contemplar a jornada: “O Enem é uma maratona intensa, muitos estão há dois, três, quatro anos tentando, porque o curso é concorrido e exige uma média mais elevada. Digo sempre a eles: aprendam a contemplar a jornada, a celebrar os pequenos avanços, as pequenas vitórias, e ressignificar o processo. Reconhecer que chegaram aqui por mérito próprio, que estão preparados para encarar uma prova desafiadora, mas, acima de tudo, valorizar as etapas que foram concluídas ao longo do processo. E entender que, no dia da prova, só vão colocar em prática tudo que aprenderam ao longo da jornada”. 

O professor aponta que, na reta final, é extremamente importante o suporte socioemocional, não só do cursinho e da escola, mas também da família. “A aprovação no vestibular é uma construção coletiva. Todo o suporte que o aluno puder desfrutar, seja em casa, no cursinho, na escola, na isolada. Vai ser importante para ele se apegar a pessoas que confiam em seu potencial, que acreditam que ele é capaz, que criam um ambiente positivo para que ele se insira nessa disputa”, reforçou.

“Não deixe a insegurança tomar conta”

Foto: Cortesia

A psicóloga e analista comportamental Cristiane Souza explicou o sentimento de ansiedade que alguns estudantes enfrentam antes da prova e deu algumas sugestões de como controlar o nervosismo nesta reta final. Ela esclarece que a cobrança em torno do vestibular por parte da família, escolas e sociedade é o principal fator que contribui para que o jovem se sinta nervoso.

“A minha primeira sugestão é, tendo receio ou se sentindo nervoso, é importante realizar uma breve pausa, fazer pelo menos seis grandes respirações, buscar algumas técnicas que possam acalmar os pensamentos, diminuir a ansiedade, relaxar o corpo e manter o foco”, pontua a analista comportamental.

Cristiane salienta que um dos problemas emocionais mais comuns durante o Enem é o sentimento de não ter se preparado o suficiente. “É importante entender que se fez o que que foi possível. Não deixe a insegurança tomar conta, pois todo o processo é uma oportunidade de reconhecer as competências e aprender a lidar com as emoções”.

A psicóloga dá dicas de como os estudantes podem manter os nervos acalmados e se sentirem mais preparados para a prova:

- Pratique exercícios de forma natural e sem grandes cobranças;

- Atenção ao sono e a respiração nessa etapa final;

- Priorize comidas leves. 

- Conversar com alguém que traga calma ou até pedir uma ajuda especializada;

- Deixar todo o material  necessário organizado já na véspera da prova. 

Por fim, Cristiane ressalta que, na reta final, cursinhos e isoladas devem investir em estratégias que auxiliem no aumento da capacidade de concentração e que ajudem a diminuir o nível da tensão muscular e psicológica dos estudantes.

“Cursinhos e isoladas devem sempre propor exercícios sem grande carga de tensão e cobrança, além de recuperar situações agradáveis com um momento de descontração”, finaliza a psicóloga.

Reduzindo a ansiedade

“A ansiedade é natural, e nos ajuda a ficar mais atentos e buscar alternativas para que tudo corra bem, organização dos materiais, documentos, a necessidade de planejarmos o tempo de percurso para o local, estar atento ao tempo de execução da prova etc. Mas muitas vezes quando estão muito potencializados, a carga de estresse pode ativar sistemas inatos de defesa  que irão atrapalhar o desempenho cognitivo ou até gerar uma crise que não possibilitará realizar a prova”, pontuou a psicóloga Natasha Taques. 

A psicóloga listou algumas estratégias que podem ajudar a minimizar a ansiedade e estresse do dia, como: dormir bem na semana que precede a prova, diminuir a carga de estudo na véspera, fazer atividades prazerosas e saudáveis para relaxar e desconectar um pouco. 

“[É essencial] compreender que essa prova, mesmo que importante, não definirá seu sucesso no futuro, ou quem você é, saber que a vida tem muitas oportunidades e desafios e está tudo bem não estarmos sempre seguros, focar em fazer o seu possível”, reforçou. 

Cada Minuto