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29/09/2023 14:00:00

Após aumento de suicídio entre jovens, França anuncia plano de combate ao bullying nas escolas

Após aumento de suicídio entre jovens, França anuncia plano de combate ao bullying nas escolas

Nas últimas semanas, o governo de Emmanuel Macron já havia anunciado que era “hora de agir”. Com os recentes suicídios de três jovens, todos estudantes que sofreram bullying em suas escolas via redes sociais, o Executivo decidiu anunciar nesta quarta-feira (27) uma série de ações de forma a endurecer as punições, prevenir o assédio e conscientizar os estudantes.  

O plano de combate ao bullying nas escolas foi apresentado pela primeira-ministra Élisabeth Borne, junto aos ministros da Educação, Gabriel Attal; da Justiça, Éric Dupond-Moretti; da Saúde, Aurélien Rousseau e do secretário de Estado da Área Digital, Jean-Noël Barrot. De acordo com o jornal Le Parisien, Borne considera que o projeto tem três eixos: “100% identificação dos riscos, 100% de prevenção, 100% de solução”.

Combate ao bullying

Veja os principais pontos do novo plano do governo francês:

Número de emergência – O 3018, número dedicado ao cyberassédio, vai ganhar uma versão em aplicativo para celulares e ficará focado no recebimento das denúncias de assédio sofridas pelos estudantes.

Autoavaliação – Um formulário de autoavaliação será entregue aos alunos, permitindo “identificar casos de assédio e (aos responsáveis) de agir rapidamente”.

Apoio técnico – Um número maior de profissionais voltado ao combate ao bullying estará presente nas escolas e um curso para aprender a identificar os riscos de assédio será oferecido aos pais.

9 de novembro – No Dia Internacional de Luta contra o Bullying todas as escolas da França terão duas horas de atividades dedicadas ao tema.

Formação – O plano prevê cursos de formação para todos os profissionais da comunidade educativa. Todos os adultos que trabalham com menores também em atividades esportivas ou em acampamentos devem receber formação sobre o tema.

Empatia – A partir de janeiro, os estudantes terão curso de empatia, como acontece nas escolas da Dinamarca.

10 anos de prisão – Em termos de sanções, o governo anuncia o “confisco permanente de celulares” e a “proibição de redes sociais” para estudantes identificados como autores de assédio cibernético grave. Assim, o Ministério Público poderá “em caso de condenação por cyberassédio acadêmico, impor uma pena adicional de banimento das redes sociais de 6 meses, que poderá durar até um ano em caso de reincidência”.

Além disso, o encaminhamento para o Ministério Público será “sistemático” em caso de denúncia de assédio e em caso de apresentação de queixa, disse a primeira-ministra, que quer punições “rápidas” tanto nas aulas como nas redes sociais para “sensibilizar os agressores sobre a gravidade dos seus atos”.

O governo vai propor ainda uma punição “adaptada a cada caso”, podendo adotar desde “cursos de cidadania” à detenção para os casos mais graves, de “até 10 anos de prisão”.

Participação dos pais

Durante o anúncio, os ministros destacaram ainda a questão da participação dos pais. “A situação familiar dos jovens vítimas de assédio será avaliada pelos serviços de proteção à infância”, explicou Élisabeth Borne.

O ministro da Justiça anunciou a criação de um módulo “que os pais terão de frequentar quando o filho estiver envolvido”, e o apoio psicológico às crianças vítimas de assédio também será “fortalecido” graças ao sistema francês que atualmente dá acesso a oito sessões gratuitas com um psicólogo por ano, disse Aurélien Rousseau, ministro da Saúde.

O objetivo do governo é facilitar o atendimento direto às vítimas. “Haverá um antes e um depois” em termos de assédio, prometeu Gabriel Attal, e acrescentou: “O medo deve mudar de lado e desaparecer”.

Estudante detido em sala de aula

Na última semana, uma ação policial gerou polêmica entre pais, alunos e instituições de ensino. Com o aval do governo francês, policiais entraram em uma escola de Alfortville, na região de Val-de-Marne, e detiveram um estudante de 14 anos, acusado de “ameaças de morte e violência psicológica intencional”. Ele havia mandado mensagens ofensivas a uma colega transgênero.

“Travesti sujo”, “vamos cortar sua garganta”, “tenho ódio da sua raça”, “você merece morrer” e “você deveria se matar”, foram algumas das frases enviadas pelo Instagram à aluna que denunciou à família, e que prestou queixas primeiramente à escola e depois à polícia. O ministro da Educação, Gabriel Attal classificou as mensagens como “ameaças de violência absoluta”, que “dão náuseas”.

O estudante detido “reconheceu os fatos, lamentou e pediu desculpas à vítima”, afirmou o Ministério Público. Ele vai ser intimado a cumprir uma medida de “reparação penal”. Trata-se de uma alternativa à ação penal e consiste numa “atividade em benefício da comunidade”. “A ação foi adotada diante da idade do acusado, a sua total ausência de antecedentes e a sua consciência manifestada pelos arrependimentos e desculpas apresentadas”, justifica o MP.

Fonte mri