Por Euro News
O Ministério do Interior de Marrocos anunciou o registo de pelo menos 2.681 mortos e 2.501 feridos, na atualização do balanço de vítimas realizada às 15 horas desta segunda-feira, cerca de 65 horas após o forte terramoto de sexta-feira à noite.
Pelo menos, 2.503 mortos já foram enterrados, revelaram as autoridades.
O abalo principal ocorreu pelas 23h11 locais (mesma hora em Lisboa), com epicentro a cerca de 70 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, e fez-se sentir inclusive em Portugal, Espanha, Mali ou Argélia.
O tremor de uma magnitude de 6.8 foi seguido por algumas réplicas de menor potência. A maior parte dos mortos confirmados, 1.591, foram registados na província de Al Haouz.
Em Taroudant, morreram para já 809 pessoas. No município de Marraquexe há 18 mortos confirmados, por enquanto.
Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal anunciou o envio de um avião da Força Aérea para Marraquexe "para retirar os portugueses que queiram regressar".
O avião chegou a Lisboa pelas 05 horas da manhã de domingo, com 102 cidadãos portugueses a bordo, incluindo dois feridos, pai e filha menor, que estão fora de perigo.
Manifestando "total solidariedade para com as autoridades e população marroquinas", a diplomacia portuguesa garantiu que está a acompanhar "em permanência" a situação, mantendo contacto "com os cidadãos portugueses no país, em particular na zona do epicentro sísmico".
Em nota enviada pelo gabinete de informação e imprensa, o ministério informa que os cidadãos portugueses que pretendam regressar ao país devem contactar o Gabinete de Emergência Consular (+351 217929714 / +351 961706472) ou a Embaixada de Portugal em Rabat (+212 674731819)
A comunidade internacional começa a mobilizar assistência para Marrocos, que até agora apenas autorizou formalmente equipas de ajuda de quatro países, Espanha, Reino Unido, Qatar e Emirados Árabaes Unidos, alegadamente para conseguir uma melhor coordenação das operações de busca e resgate de sobreviventes.
O balanço de vítimas tende a agravar-se, uma vez que o terramoto atingiu uma área montanhosa de difícil acesso, mas também diversas regiões próximas de Marraquexe, como Al Haouz, Agadir, Ouarzazate e Taroudant.
As operações de busca, socorro e resgate estão em curso pelas regiões afetadas e ainda há zonas remotas onde a ajuda não chegou.
A Argélia, que havia fechado em 2021 o espaço aéreo a todos os voos civis e militares de Marrocos, anunciou a reabertura para aviões de ajuda humanitária às vítimas do sismo.
De acordo com o centro de monitorização geológica dos Estados Unidos, o sismo atingiu a magnitude de 6,8, com uma réplica 30 minutos depois, de magnitude 4,8.
O Centro Sismológico Euro-Mediterrâneo situa o epicentro 78 km a sudoeste de Marraquexe, 116 km abaixo da superfície. Os abalos telúricos causaram pânico em cidades e aldeias em todo o país.
Testemunhas descrevem grandes danos materiais, com casas transformadas em escombros, de Rabat a Marraquexe. Entre eles, os muros vermelhos da cidade velha de Marraquexe, Património Mundial da UNESCO.
A televisão local mostrou fotos de um minarete de mesquita caído entre os escombros e carros esmagados e há registo de diversos monumentos históricos marroquinos terem sido afetados, como a mesquita Koutoubia, construída no século XII em Marraquexe.
A artista portuguesa Mónica Sintra estava naquela cidade da região do Atlas marroquino, no momento do abalo, e contou à estação de televisão SIC como sentiu o sismo.
"Assim que se deu o terramoto, algumas coisas começaram a cair. Obviamente saímos todos para a rua. Olhando à volta, [o hotel] não sofreu qualquer destruição", afirmou a cantora.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera registou o abalo marroquino pelas 23:11 horas de sexta-feira.
"Este sismo (...) foi sentido com intensidade máxima III/IV (escala de Mercalli modificada) nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António (Faro), Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira (Lisboa), Almada, Setúbal e Sines (Setúbal)", lê-se no comunicado do IPMA.
O instituto português explica ainda que "a localização do epicentro de um sismo é um processo físico e matemático complexo que depende do conjunto de dados, dos algoritmos e dos modelos de propagação das ondas sísmicas".
"Agências diferentes podem produzir resultados ligeiramente diferentes. Do mesmo modo, as determinações preliminares são habitualmente corrigidas posteriormente, pela integração de mais informação", acrescenta o IPMA.
O primeiro-ministro de Portugal reagiu à tragédia pouco antes das 10 horas da manhã deste sábado.
"O sismo da noite passada em Marrocos deixa-nos profundamente consternados e apresentamos as nossas condolências a Sua Majestade o Rei, às famílias vitimadas e a todo o Povo marroquino, nosso vizinho", escreveu António Costa, nas redes sociais.
O Presidente da Ucrânia expressou as "mais profundas condolências ao Rei Mohammed VI e a todos os marroquinos pelas vidas perdidas no horrível terramoto na região de Marraquexe".
"Desejo que os feridos se recuperem rápido. A Ucrânia afirma-se solidária com Marrocos durante este trágico momento", escreveu Volodymyr Zelenskyy, nas redes sociais.
O Papa Francisco exprimiu este sábado de manhã a sua "profunda solidariedade" com o povo marroquino, "atingido no carne e no coração por esta tragédia", lê-se num telegrama enviado a Marrocos pelo secretário de Estado do Vaticano e número da Igreja Católica, Pietron Parolin.
Em Nova Deli, o primeiro-ministro da Índia, anfitrião este fim de semana de uma cimeira do G20 onde África poderá ter um papel central, expressou já as condolências pelas vítimas deste terramoto em Marrocos.