Com Estadão Alagoas
A vítima de tentativa de feminicídio, roubo e estupro ocorridos na zona rural do município de Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas, Maria Sonia, segue hospitalizada e falou sobre o assunto publicamente, pela primeira vez, à advogada Julia Nunes, da Associação AME. No relato, postado no perfil da advogada no Instagram, a vítima conta que ajudou acusado antes do crime, ficou desacordada e acordou em cima de uma poça de sangue. Ela, que está em tratamento do câncer, pede que a Justiça seja feita.
Maria Sônia disse que na última segunda-feira (21), quando tudo ocorreu, estava dando papinha à sobrinha de sete meses quando se deparou com um homem à porta, pedindo um copo de água. Ela atendeu ao pedido e perguntou de onde ele estava vindo. O homem afirmou ter saído de um bar e contou que os companheiros dele o tinham abandonado. O acusado então pediu ajuda para fazer uma ligação para a mãe dele, a fim e que ela mandasse um mototaxista buscá-lo.
“Eu percebi que ele estava com um ferimento no pé e, por causa do machucado, como sou evangélica, disse ‘Jesus te ama e grande foi o livramento que Deus deu pra você’. Peguei o celular, disquei o número que ele me falou e ouvi a voz de uma mulher falando com ele. Quando desligou a ligação, me devolveu o celular, caminhou alguns passos e depois voltou, pedindo algo para comer. Eu falei que ia olhar se tinha um pão. Me dirigi em direção à cozinha e, quando me virei, ele já estava dentro de casa”, afirma a vítima.
Sônia conta que tentou trancar o portão, mas não conseguiu. Foi derrubada no chão e ele começou a agredi-la. A bebê também ficou com ela no chão e sofreu alguns golpes. Foi então que ele tentou estrangular Sônia e ela perdeu os sentidos. “Nos movimentos eu eu fazia para ele sair de cima, ele acabava batendo não só em mim, mas no bebê também. Eu perdi os sentidos e, quando acordei, estava em cima da cama, com uma poça de sangue, e vi minha calcinha na cozinha. Peguei o bebê e fui pedir ajuda”, relata.
Ainda no hospital, em razão da violência sofrida, Sônia conta que é mastectomizada e faz tratamento contra o câncer. Com marcas das agressões no rosto, a voz rouca e um trauma sem precedentes, ela conta que chegou a vomitar sangue no hospital e clama por justiça. “Nunca tinha visto esse homem na minha vida. Eu peço que a Justiça seja feita, porque é um acontecimento eu jamais imaginava passar na vida. Não foi somente comigo, mas com uma bebê de sete meses. E que ele se arrependa. Que a Justiça e as autoridades analisem esse caso, porque, se esse homem sai de novo [da prisão], ele volta a fazer”, diz.
Os relatos foram feitos antes da audiência de custódia do suspeito do crime, que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
*Com Gazeta Web