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Acidente
06/08/2023 10:00:00

A escola britânica centenária em que alunos decidem regras e o que querem estudar

A escola britânica centenária em que alunos decidem regras e o que querem estudar

Com G1

Ben não queria tirar o pijama. Há dias, ele dormia e, depois, brincava no jardim, na cama elástica ou subia em árvores, com a mesma roupa de dormir.

Ben havia acabado de entrar na escola Summerhill, um centenário internato britânico que permite que as crianças estabeleçam suas próprias normas. Por isso, ninguém podia obrigá-lo a tomar banho ou trocar de roupa.

Os dias passavam e Ben ficava cada vez mais sujo. Até que seus colegas chegaram ao limite. Eles levaram o caso à assembleia semanal, que decide democraticamente tudo o que acontece na escola.

A assembleia decidiu que Ben não poderia continuar assim. Surgiu então uma nova regra que seria acrescentada às cerca de 400 normas que regem o internato: a regra do pijama.

Ben podia passar o dia todo de pijama? A assembleia decidiu que sim. Mas, à noite, ele precisaria trocar de roupa e vestir outro pijama.

Assim é Summerhill, a escola onde as crianças têm a liberdade de estabelecer suas próprias normas e não é obrigatório assistir às aulas.

Fundada em 1921 pelo educador escocês Alexander Sutherland Neill (1883-1973), Summerhill baseia-se na premissa "freedom but not licence" ("liberdade, mas não licença", em inglês). E, cem anos depois, muitos ainda consideram que esta filosofia é um experimento radical.

Segundo ela, as crianças devem ter liberdade para fazer o que desejarem, desde que não interfira na liberdade dos demais. Isso inclui a liberdade de aprender o que quiserem, quando e como quiserem.

São 10h30 da manhã de uma sexta-feira de junho. As crianças da Classe 2, que recebe estudantes com 10 a 12 anos, são uma boa amostra dessa independência.

Está na hora da oficina de redação, que tem nove crianças inscritas, mas só há uma aluna em aula com a professora. Outros três estudantes jogam Banco Imobiliário na sala comum e uma quarta, confortavelmente instalada em uma poltrona e imersa em um livro, apenas levanta os olhos quando os visitantes entram no salão.