O ataque a faca em uma escola estadual de São Paulo que deixou uma professora morta e mais quatro pessoas feridas nesta segunda-feira (27) jogou luz sobre a violência nas salas de aula do país, que tem histórico de índices elevados de agressão contra docentes.
O agressor era um aluno de 13 anos do oitavo ano na escola. Ele foi desarmado por duas professoras.
Há anos, pesquisas têm indicado a alta incidência de casos de agressão, colocando o Brasil no topo da violência escolar. Veja os dados mais recentes divulgados:
Levantamento global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) coloca o país entre os de índices mais altos do mundo no ranking das agressões contra professores - e que têm se mantido estável nos últimos anos.
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Professoras e aluno foram esfaqueados na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo — Foto: Cristina Mayumi/TV Globo
Na rede estadual paulista, o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) divulga com frequência estudos sobre o ambiente escolar.
O ataque na escola estadual de São Paulo teria sido motivado por uma briga entre alunos dias atrás que foi apartada pela professora que morreu esfaqueada nesta segunda-feira.
Segundo o relato de um estudante, o agressor, há alguns dias, xingou um colega de "preto" e "macaco", o que gerou uma briga entre eles. A professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, foi a responsável por separá-los. O agressor, então, a ameaçou de vingança.
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Atentado em escola em São Paulo — Foto: Arte/g1 Aumento dos casos
Para a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Betina Barros, ataques como o desta segunda-feira em São Paulo não eram comuns no Brasil e passaram a acontecer com mais frequência a partir de 2018.
Na avalição dela, isso é resultado de diversos fatores que se tornaram mais presentes neste período:
Tudo isso pode ter influenciado o cenário atual em que os casos de violência no ambiente escolar acontecem com uma recorrência cada vez maior.
A especialista avalia que um dos caminhos que podem levar à solução o problema é interseccional e deve ter trilhado por todos envolvidos na proteção da criança e do adolescente.
De acordo com ela, devem ser criados mecanismos objetivos de controle destas situações que permitam identificar onde os casos de ataque estão ocorrendo e por que ocorrem. Além disso, o bullying deve ser combatido por todos.
“Precisamos entender que qualquer tipo de bullying no ambiente escolar não é aceitável. Assim como estamos entendendo que violência contra a mulher não pode ser ignorada, a violência sofrida pelas crianças não é menor e também não deve ser normalizada”, defende Betina.
g1