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Conteúdo Especial
31/01/2023 17:00:00

Professor da Ufal vai ao México para estágio de pesquisa e é deportado sem explicações

Professor da Ufal vai ao México para estágio de pesquisa e é deportado sem explicações

O professor do curso de enfermagem da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, Diego de Oliveira Souza, é mais uma das vítimas da arbitrariedade das autoridades de imigração do México. O docente foi deportado no último fim semana após chegar à Cidade do México, onde iniciaria as atividades de Estágio pósdoutoral na Universidad Autónoma de la Ciudad de México (UACM), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

O que seria uma viagem de conhecimento e estudos se tornou um verdadeiro pesadelo. Em entrevista ao site Alagoas24Horas, o docente contou que passou por um processo cuidadoso na emissão do visto no Consulado do México, no Rio de Janeiro, mas ao chegar em território mexicano o documento foi considerado falso pela imigração.

“Sou professor da Ufal há 13 anos. Minha ida ao México faz parte as atividades pós-doutorado. Foi aprovado pelo CNPq aqui no Brasil e autorizado pela Universidade do México. Era um estágio. A atividade inicial duraria um mês e meio e resolvi levar minha família por ser uma experiência diferente. Então, nos programamos, minha esposa juntou até as férias para a gente conseguir viajar e alugamos um apartamento lá. No dia 23 de janeiro, levamos toda a documentação necessária ao Consulado do México, no Rio de Janeiro, e o visto foi emitido. Minha parceira de pesquisa também fez o mesmo processo junto comigo. Foi um processo bastante cuidadoso. Foi uma viagem de 14 horas. Ao chegar ao  Aeroporto Benito Juárez, na Cidade do México, minha parceira, que fez todo processo junto comigo, conseguiu entrar com a família. Já eu, minha esposa, meus dois filhos pequenos e minha sogra, não”, contou o professor.

A partir daí, segundo o professor, começou uma série de episódios de falta de respeito e humilhações. “O sonho virou um pesadelo. Fui tratado pior que um criminoso, pois eles têm direito a uma ligação. Isto eu não tive. Fiquei sem celular e sem explicação. Pedia para falar com a embaixada, mas não deixavam. Eu falava que era uma bolsa financiada pelo governo brasileiro, estava a convite da Universidade do México e tinha toda documentação, mas não ouviam. Me separaram da minha família alegando separação por gênero. Eu fiquei em uma sala com todo tipo de preso, até traficante. Minha esposa, meus filhos e sogra em outra sala, mas lá também tinham homens. Então, esta alegação de separação por gênero não se sustenta. Depois de mais de 10 horas, cansados, nos encontramos no avião para voltar ao Brasil”, relatou.

O retorno ao Brasil ainda rendeu alguns transtornos a Diego Souza e sua família. Após sair do território mexicano, eles ainda tiveram que esperar por 12 horas em Bogotá, na Colômbia, por um voo para o Brasil. “Em Bogotá, ficamos isolados, mas a segurança lá foi mais cordial.  Porém, até para comprar comida, a gente precisava da companhia dos seguranças. Teve um momento que meus filhos estavam chorando com fome e não podíamos comprar, pois não tinha nenhum segurança disponível. Eu fiquei quase 72 horas sem dormir direito. Pensava a todo momento na minha família. E minha esposa em mim, pois também não tinha notícias de como estava. Nossos passaportes não foram entregues no México, apenas quando chegamos ao Brasil. Agora que chegamos ao Brasil estamos mais aliviados, embora ainda abalados com a situação“.

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