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23/06/2009 00:00:00

Saúde


Saúde

com G1

Pesquisadores da África do Sul empenham-se em tentar encontrar a cura para a tuberculose, maior epidemia no país depois da Aids.

Os sul-africanos esperam, daqui a três anos, pelo menos ter uma previsão de quando a doença possa ser extinta no país.

“Temos um grupo de quase 200 profissionais testando vacinas com um grande desenvolvimento. Não sei quando exatamente estaremos prontos para vacinar a população, mas acredito que daqui a três anos teremos uma resposta eficaz para a doença”, diz Hassan Mahomed, diretor clínico do SATVI (South Africa Test Vacines Initiative).

O país africano já sofre com a Aids, que diariamente tira a vida de mais de mil pessoas, e também se depara com uma outra epidemia de proporções desastrosas.

A África do Sul é o quinto país com mais casos da doença em números absolutos. Mas, em termos percentuais, é o líder, com 948 casos (de todos os tipos da doença) para cada 100 mil habitantes.

O índice de letalidade subiu de 3% em 1993 para 7,4% em 2003, elevando o número de mortes diárias para 80, lembra Hassan. “É uma grande tragédia que precisa ser controlada. Por isso esse projeto é tão importante”, fala o médico.

Segundo ele, todo ano mais de 250 mil casos são registrados na África do Sul. No geral, a incidência é de 600 casos para cada grupo de 100 mil habitantes por ano. Em algumas áreas, o número sobe para 1.000.

A pesquisa, iniciada em 2001, também é desenvolvida pela Universidade de Oxford e tem ajuda financeira de organizações internacionais da Europa e dosEstados Unidos, principalmente da Bill Gates and Melinda Foundation. O grande centro de pesquisa fica em Worcester, área rural, a 120 quilômetros do centro da Cidade do Cabo.

O local não foi escolhido aleatoriamente. É a área com o maior número de pessoas infectadas de todo o continente: 1.400 para 100 mil habitantes.

“Estamos testando quatro tipos de vacinas em um grupo de 36 pessoas. Uma dessas é testada em adultos soropositivos. Agora, temos um novo estudo que envolve 2784 crianças", diz o médico. Essas crianças foram vacinadas com BGC ao nascer e receberão a primeira MVA85A/AREAS-485 (nome da vacina) com 18 semanas de idade.

"Aguardamos o consentimento das mães. Temos 13 que já autorizaram. O primeiro bebê vai receber a vacina na segunda quinzena de julho", conta Hassan, sobre a programação do estudo que tem aprovação do Departamento de Saúde da África do Sul. Comprovada a eficácia, a vacina será testada em larga escala.

Em 2007, o número de casos da doença no mundo chegou a 9,27 milhões, comparados aos 9,24 milhões do ano anterior. A única vacina disponível contra a doença é a (BCG), medicamento usado há 80 anos. A proteção dela em relação à meningite da tuberculose chega a ser 80%. Mas, para proteger a doença no pulmão, a eficácia é variável, diz Hassan.

“O agravamento da situação no mundo é uma prova de que a vacina que existe hoje não trabalha para reduzir a epidemia. As novas vacinas devem ser uma prioridade para a saúde pública. A importância do nosso trabalho está na esperança de eliminar a tuberculose em breve”, afirma o médico. 

Aids e tuberculose interligadas

Com o crescimento na população de soropositivos, aumenta também a incidência de tuberculose na África do Sul. Dentro da população de soropositivos, a prevalência de tuberculose no país é de 73%, segundo a Organização Mundial da Saúde.

“O HIV e a tuberculose são absolutamente sem precedentes aqui. A cada dia a gente percebe que os dois estão mais próximos, mas interligados”, fala a médica Linda Bekker, da Fundação Desmond Tutu, instituição que oferece tratamento a seis mil soropositivos dos 50 mil que fazem uso dos retrovirais na província de Western Cape, no Sul do país.

Na fundação, os pacientes são acompanhados durante o tratamento desde os primeiros testes (que detectam se ele é HIV positivo) até o uso dos retrovirais e medicamentos contra tuberculose. “Muitas pessoas vivem com tuberculose e não sabem. Quando a gente trata um universo com soropositivos, isso fica mais evidente. A maior causa de morte desse grupo é devido a TB”, diz Linda.

Quanto maior a proximidade com um tuberculoso e mais frágil estiver o sistema imunológico, maiores são as chances de contaminação. Não é à toa que os casos mais comuns no país estão concentrados em regiões carentes em que vivem muitos soropositivos.

“As áreas mais pobres, em especial, as townships, concentram a grande maioria dos casos de aids por uma série de questões sociais e culturais. Com o organismo debilitado, mais próximo fica a tuberculose”, explica a especialista.

O tratamento contra a doença é difícil, mas não tão demorado. Os tabletes são grandes e nem um pouco confortáveis para ingerir. Mas isso pode durar em média seis, oito meses, até o doente se estabilizar e reerguer o organismo.

Para diagnosticar, também não é difícil. Segundo o médico Nienke Schaik, administrador do Tutu Tester (laboratório da Fundação Desmond Tutu), os sintomas são muito claros e, ao notar que tem alguns deles, o paciente já deve procurar um hospital.

“Os clássicos sintomas em adultos são: tosse por mais de duas semanas, perda de peso, febre, falta de apetite e suor durante a noite”, enumera Nienke, ressaltando que, apesar de comuns aos infectados, muitos soropositivos não apresentam esses sintomas. “Por isso, vale a pena fazer testes em todos os soropositivos”.

Os testes a que Nienke se refere podem ser feitos de forma itinerante por meio do Tutu Tester, laboratório que vai até a população. “Fazemos testes anti-HIV e TB em shoppings, ruas e festivais. É uma iniciativa da fundação que vem dando muito certo. A primeira etapa é um questionário. Fazemos perguntas para identificar os sintomas e depois os testes, cujos resultados disponibilizamos, gratuitamemente, no mesmo dia. Esse programa é mais forma de detectar a doença e estimular o tratamento o mais breve possível".



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