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20/04/2009 00:00:00

Polícia


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com alagoasemtemporeal // cicero santana

O advogado José Fragoso, anunciou com exclusividade para este semanário, que, finalmente, os acusados de serem os autores intelectual e material da chacina ocorrida no bairro da Gruta, onde foram vítimas a deputada Federal Ceci Cunha e alguns de seus familiares, deverão se submeter a júri federal no segundo semestre deste ano. Para apressar o processo de julgamento, ele viaja nesta quinta-feira para Recife, onde vai entrar com um requerimento junto ao Tribunal Regional Federal (TRF), da Quinta região, pedindo a transferência para a primeira instância. Na entrevista, José Fragoso, detalha o porque da demora do julgamento dos acusados que, depois de onze anos da chacina, deverão sentar no banco dos réus pelo crime cometido no final da tarde do dia 16 de dezembro de 1998 que ficou conhecido nacionalmente como a “Chacina da Gruta”.

Deverão sentar no banco dos réus, o médico e ex-deputado federal Pedro Talvane Luiz Gama de Albuquerque Neto, como autor intelectual; e Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros, que serão julgados por júri formado pelo Tribunal de Júri Federal, pelos homicídios praticados contra a deputada federal Ceci Cunha, o esposo Juvenal Cunha da Silva e dos familiares Iran Carlos Maranhão Pureza e Ítala Neyde Maranhão Pureza, na chacina ocorrida minutos após a deputada Ceci, ser diplomada Deputada Federal, em solenidade realizada no auditório do Tribunal de Contas de Alagoas, localizado no bairro do Farol.

Quem foi Ceci Cunha

Nascida no dia 15 de agosto de 1949 na cidade de Feira Grande, interior de Alagoas, seu nome deveria ter sido Josefa Ceci Santos, mas um erro no momento do registro fez com que constasse na certidão de nascimento o nome de Josefa Santos. Nem por isso deixaram de lhe chamar de Ceci.

Exemplo de resistência
 

Originária de uma família humilde de agricultores, composta por nove filhos, que lhe transmitiu valores cristãos e morais, aprendeu desde cedo que, o que importava não era o tamanho da dificuldade e sim a forma como as enfrentava. Teve infância muito difícil. A necessidade de cortar palma, quando criança, deixou-lhe cicatrizes permanentes na mão. Criada para ser dona de casa, sua mãe a proibia de estudar, por considerar que isto seria perda de tempo. Por isso, Ceci esperava a mãe dormir para poder estudar, demonstrando desde cedo uma de suas principais características: que nada a afastava de seus sonhos e objetivos.
 

Porém, seus sonhos e objetivos não eram possíveis de serem concretizados no sofrido agreste alagoano: ser médica, professora e, com isso, ajudar as pessoas. Era algo difícil de atingir, já que teve que cursar a terceira série do primário por três vezes seguidas, pois a escola onde estudava não possuía quarta série. Conseguindo convencer sua mãe da importância do estudo. Ceci conseguiu mudar-se para Maceió para estudar, morando na casa de amigos de seu pai.

Entre 1970 e 1975 foi professora dos Colégios Élio Lemos, Sagrada Família e Batista Alagoano.
Após concluir seus estudos, Ceci ingressou no curso de Medicina da UFAL, vindo a se formar em 1975 e, em 1977 especializou-se na área de ginecologia e obstetrícia no Hospital Souza Aguiar, Rio de Janeiro, mesma cidade onde se casou com Juvenal, seu eterno companheiro, a quem sempre demonstrou seu enorme amor e com quem constituiu família, composta por dois filhos: Adriana e Rodrigo.
 

Mãe, médica, política
 

Ao retornar a Alagoas em 1978, Ceci foi exercer sua profissão de médica na cidade de Arapiraca, passando a ser imediatamente reconhecida como uma profissional competente, dedicada, cuidadosa e atenciosa, tanto que de suas relações médico-pacientes surgiram compadres e amigos.
 

Devido ao seu carisma e atenção ao próximo, sua popularidade foi crescendo, passando a ser muito requisitada a concorrer ao cargo de vereadora e assim ajudar ainda mais o povo arapiraquense. Desafio este que foi aceito em 1988, quando se candidatou ao cargo de vereadora de Arapiraca, sendo a mais votada naquela eleição. Apesar de ser seu primeiro mandato político, Ceci o desempenhou de forma exemplar, dedicando-se principalmente à área de saúde e educação.
 

Devido aos trabalhos prestados, foi reeleita vereadora em 1992, mas exerceu o mandato por apenas dois anos, pois em 1994, após aceitar um novo desafio, foi eleita a primeira deputada federal de Alagoas, passando então a defender não só os interesses do município de Arapiraca, mas também os de todo o povo do Estado de Alagoas. Seu currículo pode ser encontrado no site da Câmara dos Deputados.
 

Seu mandato ficou marcado principalmente por projetos que viabilizaram a construção de adutoras, moradias populares e escolas em diversos municípios alagoanos. Este trabalho foi reconhecido pelos alagoanos na eleição de 1998, quando foi reeleita deputada federal com mais de 55.000 votos, sendo um dos candidatos mais votados. Isto despertou a inveja de quem não se conformou com a derrota e precisava de um mandato político para se proteger no manto da impunidade.
 

Foi quando em 16 de dezembro de 1998, após ter sido diplomada para continuar seu trabalho a favor dos alagoanos por mais quatro anos, Ceci foi brutalmente assassinada, juntamente com seu marido Juvenal Cunha, seu cunhado Iran Carlos Maranhão e Ítala Maranhão, mãe de Iran, quando foi visitar sua irmã que havia acabado de dar à luz ao seu primeiro filho.
 

Na mão, uma flor branca
 

Todos tiveram a vida ceifada de forma extremamente covarde, pois foram emboscados quando sentados na varanda da casa, deixando o convívio de seus familiares e amigos de forma desmotivada e injusta. Ceci estava de costas e morreu segurando uma flor branca que havia ganho. Sua morte interrompeu uma vida de trabalho ao próximo e de benefícios incalculáveis a todo o Estado de Alagoas. Seu enterro contava com mais de 50 mil pessoas desoladas e chocadas com a brutalidade do crime. Sua morte foi notícia nacional e internacional.



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