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17/11/2008 00:00:00

Especiais


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Esqueça os bons tempos em que qualquer um podia juntar um monte de limão com cachaça e gelo, espremer com açúcar, chamar a mistura de caipirinha e tirar onda no churrasco. Parece piada, mas uma Instrução Normativa (IN) do Ministério da Agricultura publicada no Diário Oficial da União, no final do mês passado, estabeleceu um “regulamento técnico para a fixação dos padrões de identidade e qualidade” para o drinque que virou um dos símbolos do Brasil no exterior.

O texto chama a atenção por sugerir especificações impossíveis de serem cumpridas por bebedores e barmen convencionais. Entre elas, estão quantidades de açúcar entre 150 e dez gramas por litro e limão “na proporção mínima de um por cento de suco de limão com no mínimo cinco por cento de acidez titulável em ácido cítrico”. Os amargos critérios acabaram provocando rebordosa de críticas bem-humoradas nas ruas do Rio.

Logo no início do texto, o ministério avisa que o regulamento “aplica-se à caipirinha comercializada em todo o território nacional e no exterior”. Ao longo do documento, são definidas as características da bebida, além de quantidades e especificações dos ingredientes. “Será denominada de caipirinha a bebida definida no caput deste artigo preparada por meio de processo tecnológico adequado que assegure a sua apresentação e conservação até o momento do consumo”.

A intenção do órgão federal era colocar as especificações do ingrediente para consulta pública (quando qualquer um pode opinar sobre o tema) e não editar uma receita. O governo agora quer ouvir a opinião de especialistas e da sociedade, para, depois, definir normas para fabricantes da caipirinha industrializada para exportação. Por engano, entretanto, a norma foi publicada antes, levando a assinatura do ministro Reinhold Stephanes.

Foi o suficiente para admiradores da bebida se manifestarem. “Acho que padronizar a bebida vai contra uma das vantagens do brasileiro, que é ser flexível”, pondera o administrador Milton Saes Junior, que dividia, no calçadão de Copacabana, um copo da bebida com a mulher, Kátia Regina Petersen, 28 anos.

“Hoje em dia, já fazem caipirinhas com várias outras frutas”, acrescentou ela. Um dos barmen que preparou a caipirinha do casal, Eduardo Silva, 20 anos, não sabia como mediria quesitos como acidez do limão e teor alcoólico. “Tiro algumas das medidas dos ingredientes de olho”, estranha o rapaz. Pelo visto, ainda falta muito açúcar para a caipirinha oficial cair no gosto do brasileiro.

‘NOVA RECEITA É SÓ PARA OS RICOS’

Fico com água na boca só de ouvir falar em caipirinha. É uma das minhas bebidas preferidas: gosto quando é feita com meio limão galego e costumo colocar um pouco d’água. Desse jeito, ela fica mais fraca, e as mulheres acabam bebendo mais e nem sentem. Só não vale bater no liqüidificador, porque o caroço quebra e fica azedo. Essa história de nova receita de caipirinha do governo é só para os ricos, porque os pobres já sabem muito bem como fazer a sua.

Dicró, cantor e fã de caipirinhas.

com O Dia-RJ //



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