Apesar de já ter entregue quase um terço da safra, o agricultor Túlio Tenório ainda não recebeu nada das usinas para as quais ele entrega a produção. “A informação que nós temos é que algumas estão pagando e outras estão pagando valores pequenos. Na nossa região, nós estamos com 40 dias de safra e, até o momento, não recebemos nem um tostão”, afirmou o agricultor.
Em Alagoas, os fornecedores são responsáveis por 30% da produção de cana, 70% estão nas mãos das usinas. A produção de cana em Alagoas emprega cerca de 300 mil pessoas em toda a cadeia. A Associação dos Plantadores do Estado já fala em demissões. A crise preocupa os trabalhadores rurais.
“Tem 30 anos que eu trabalho com cana. A situação é difícil. O fazendeiro não recebe já há 40 dias. Até hoje eu venho recebendo, mas pode acontecer que daqui a um mês eu não receber”, disse o trabalhador rural Cícero Gomes.
Pequenos e médios produtores fazem reuniões periódicas para discutir os problemas do setor e pedem uma medida emergencial para contornar o atraso nos pagamentos.
“A tendência anterior, no que diz respeito aos débitos, o governo tem que fazer uma assistência, relevado isso tudo, passando por cima disso aí, fazendo um atendimento de emergência. Se não houver esse atendimento, nós vamos começar a comprometer de forma irreversível a próxima safra. Aí o resultado vai ser bem pior”, declarou o presidente da Associação dos Plantadores, Lourenço Lopes.
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool reconhece que algumas usinas estão atrasando os pagamentos, mas não gravou entrevista. A entidade divulgou uma nota explicando que a dificuldade da indústria em honrar os compromissos se deve à crise financeira internacional que provocou falta de crédito no mercado. A nota não firma, porém, o compromisso claro das empresas em efetuar o pagamento aos produtores.
por Globo Rural
