G1 // Deutsche Welle
No Conselho de Segurança da ONU, diplomatas dos EUA, da
França e do Reino Unido criticam participação de Moscou no conflito sírio.
"Em vez de buscar a paz, Rússia e Assad fazem guerra", diz
embaixadora americana.
ONU
diz que 139 pessoas morreram em série
de ataques em Aleppo
Os Estados
Unidos, a França e o Reino Unido
acusaram a Rússia neste domingo
(25) de piorar a carnificina na Síria,
enquanto aviões russos e do regime bombardeiam Aleppo. Uma solução diplomática
pareceu bastante improvável na reunião do Conselho de Segurança da ONUconvocada
para discutir a violência, que se intensificou desde o colapso de um
cessar-fogo na semana passada.
"O que a Rússia está patrocinando e fazendo não é
contraterrorismo, é barbárie", disse Samantha Power, embaixadora dos EUA
na ONU. "Em vez de buscar a paz, Rússia e Assad fazem guerra. Em vez de
fazer com que ajuda essencial chegue aos civis, Rússia e Assad estão
bombardeado comboios [humanitários], hospitais e socorristas que tentam
desesperadamente manter as pessoas vivas."
Os ministros do Exterior francês e britânico acusaram a
Rússia de crimes de guerra. "É difícil negar que a Rússia esteja numa
parceria com o regime sírio para cometer crimes de guerra", disse Matthew
Rycroft, embaixador britânico.
Moscou se defendeu. "Na Síria, centenas de grupos
armados estão sendo armados, o território do país está sendo bombardeado
indiscriminadamente e conseguir a paz é uma tarefa quase impossível agora por
causa disso", disse Vitaly Churkin, embaixador russo na ONU. Segundo ele,
a Frente al Nusra é a principal força que se encontra no leste de Aleppo,
controlado pelos rebeldes, e "os civis são um escudo humano para
eles".
Em protesto aos ataques em Aleppo, os diplomatas dos EUA,
da França e do Reino
Unido deixaram a câmara do Conselho de Segurança quando o
embaixador sírio se manifestou.
Ofensiva "sem precedentes"
Capturar a área controlada pelos rebeldes em Aleppo, onde mais de 250 mil civis
estão sitiados, seria a maior vitória das forças de Assad na guerra civil. Com
o apoio da Rússia e do Irã, o regime sírio lançou uma nova ofensiva contra os
opositores na última quinta-feira.
Os Estados Unidos denunciaram no Conselho de
Segurança da ONU que aviões militares russos e sírios lançaram pelo menos 158
ataques aéreos contra o leste de Aleppo nas últimas 72 horas, numa ofensiva
"sem precedentes".
Para Power, a ofensiva demonstra "que o regime
de Assad só acredita numa solução militar e que para ele não importa o que vai
restar da Síria após essa solução militar".
Power acusou Moscou de estar "abusando de seu
privilégio" de direito a veto no Conselho de Segurança da ONU para não
permitir ações mais firmes contra o regime de Assad pelo massacre que este está
realizando na Síria.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos,
desde a última quinta-feira, quando o Exército sírio anunciou o início da
operação no leste de Aleppo, ao menos 124 pessoas, a maioria civis, foram
mortas em bombardeios sírios e russos.
Antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU
neste domingo, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, condenou o que
chamou de "o mais contínuo e intenso bombardeio desde o início do conflito
na Síria [em 2011]".
Ban pediu que as potências mundiais "trabalhem
mais duro para pôr fim ao pesadelo" na Síria. Em cinco anos, a guerra
civil já deixou mais de 300 mil mortos e milhões de deslocados.